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quinta-feira, 30 de junho de 2016

O tabu da morte

Vou entrar em um assunto delicado que vai deixar algumas pessoas emocionadas. Eu mesma não escapei.

Uma das grandes questões dos pais é como explicar a morte para as crianças e mesmo protegê-las da dor causada por ela.

Pedro, aos 4 anos, passou por sua primeira perda: a Laila. Ele amava a Laila. Era sua companheira nos almoços de domingo e em Teresópolis. Desde muito pequenino ele brincava com ela como se fosse humana e ela realmente não decepcionava e o seguia fielmente.

Quando ela morreu, além de muito tristes, ficamos bem preocupados com o emocional do Pedro e em preservar a Didi e Titio dos questionamentos que ele certamente faria. Pedro perguntou diversas vezes pela Laila, sentia saudade, mas com o tempo pareceu ter se acostumado a não tê-la mais presente.

Semana passada, no entanto, ao encontrar sem planejar a Didi em nossa garagem, para a nossa surpresa, ele perguntou da Laila. Ela ficou abalada com o assunto inesperado e talvez a resposta não tenha sido suficiente para ele, pois quando entramos no carro, estabeleceu-se o seguinte diálogo:

- “Mamãe, a Laila está no céu?”
- “Sim, meu amor.”
- “Papai do céu vai mandar a Laila de volta para cá?”
- “Um dia.”
- “Amanhã?”
- “Não amor, vai demorar muito, pois ela ficou dodói e ele está cuidando dela.”
- “Eu posso ir lá brincar com ela?”
- “Agora a mamãe preferia que não, meu amor.”
- “Se eu virar cachorro, papai do céu deixa eu brincar com ela?”

Graças a Deus do nosso prédio à escola o caminho é curto e logo o assunto foi interrompido para mais um dia de aula.

Mas o que para nós foi um alívio, para o pequeno ficou mal resolvido.

Ontem, Pedro que há muito tempo vem perguntando da Salete e dizendo estar com muita saudade dela, falou com o Duda:

- “Papai, estou triste.”
- “Por que, filho?”
- “Eu já sei que a Lete morreu.”

Por um momento sentimos um frio na barriga e corremos para ligar para a Vania, afinal criança às vezes tem sexto sentido. Mas Lete estava ótima e viajando.

Então, de madrugada, caiu a ficha.

A Lete que era superpresente na vida dele de repente não faz mais parte do dia a dia. Mas todas as vezes que ele pediu, ela veio visita-lo. Só que há pouco menos de um mês ele pediu se ela podia busca-lo na escola e ela não foi. Então certamente ele associou à Laila e estava sofrendo com isso.

É assim que as crianças guardam por anos certos traumas vividos na infância e isso acaba se transformando em culpa ou algo não muito positivo. Temos um exemplo bem próximo na família.
Se ele não entendeu exatamente o que aconteceu e o motivo, o céu é o limite para a imaginação, pro bem e pro mal.

Daqui pra frente, radar ligado certas situações. E o máximo de explicação possível para tudo.









quarta-feira, 29 de junho de 2016

Passeio à Ilha Fiscal


Por mais que eu adore fazer as coisas com meus dois filhos, às vezes sei que não é muito prudente levar o Bê. Ele ainda é muito pequenino e alguns programas não fazem muita diferença na vida dele, talvez até o deixe cansado ou desconfortável.

Esta semana resolvemos ir à Ilha Fiscal, lugar que há muito estamos querendo visitar. Nossos amigos Si, Pi e Clarinha foram também, o que tornou o passeio ainda mais divertido e especial. A Clara dá muita moral pro Pedro que, por sua vez, adora os paparicos e segue Clarinha em todos os seus comandos. Quero aprender como ela faz! hahahahaha

Quem ficou com o Bê foi vovó Beth. Saímos de casa às 11h30, mas já deixei Bê almoçado. Teoricamente ele dormiria em seguida, acordaria para a banana de lanche e antes que pudesse ficar pesado para vovó, estaríamos de volta. Mas o passeio atrasou e Bê, claro, não dormiu. Quando liguei para avisar do atraso, vovó Beth desligou às pressas, pois não estava conseguindo malhar e falar ao mesmo tempo.

Chegamos de volta aproximadamente às 16h e encontramos uma avó partidinha, mas muito muito feliz. A coisa foi tão intensa, que às 21h ela já dormia feito um anjo. Bê nocauteou vovó em poucos rounds! 

No museu da marinha, esperando o cabo chamar.

No barco (e eu que não sabia que não precisava de barco :-o)
Dentro do "castelo"

Como não poderia faltar: pique-pega!

Capetinhas lindos!!!!!!

Muito, muito amor...

E boas caretas 

São ou não são fofos juntos?!

A caminho do restaurante






segunda-feira, 27 de junho de 2016

Mais Bernardo

Tem tanto tempo que não escrevo no blog que já não sei mais o que contamos ou não aqui.

Bê está balbuciando algo como mama e papa. Lindo demais!!!! Este é, de fato, um dos momentos mais emocionantes para uma mãe. Mas confesso que estava na torcida para que ele falasse Guigo ou Pê primeiro, pois Pedro ia ficar nas alturas. 

Ele é muito fã do Bê e contaria para todo mundo, com orgulho de irmão mais velho, que foi a primeira palavra que o Bê falou. Como o 'mama' e 'papa' ainda não estão muito sonoros, estou trabalhando nisto.

Recentemente,  tivemos que descer o berço pois Bê já entrou na face da escalada; segura na grade e levanta, o que estava se tornando um risco. Mas ainda nada de sentar sozinho ou engatinhar. Acho que a circunferência abdominal atrapalha certos movimentos e sua plena desenvoltura motora :-)

Dr Pediatra havia dito que a partir do sétimo mês já daríamos biscoito maisena inteiro para o Bê comer e devo confessar que adiantei o processo e o rapazinho amou. Se engasgou, claro, papai quase sufocou mas enfim, deu tudo certo.

A rotina da casa é muito doida, a hora do trabalho é praticamente um spa, mas hoje em dia como ser feliz sem isso? 














segunda-feira, 6 de junho de 2016

Operação de Guerra III

Quando achamos que já havíamos passado por nossa grande provação no que tange à logística militar e vigilância no sábado, com as crianças correndo, brincando e se misturando no parquinho do Planetário, algum pai (ou mãe) aventureiro (ou doido) teve uma grande ideia para o passeio de domingo: que tal levar a turma ao Parque dos Patins na Lagoa?

Parecia uma boa ideia, afinal acho a lagoa um dos locais mais bonitos do Rio de Janeiro. Na noite anterior à operação, Ligia chegou a comentar que, de repente, conseguiríamos tomar um chope enquanto as crianças brincavam. Também parecia uma boa oportunidade para o Pedro treinar a bicicleta porque confesso que isso foi algo que negligenciamos. Pedro é uma criança cheia de habilidades motoras como andar de patinete, agir com naturalidade na piscina ou escalar o que não deve, mas é uma negação no futebol (este papel era do dindo. Ou do titio. Ou do primo. Porque se depender da minha habilidade com a bola ele está ferrado) e na bicicleta.

Enfim, no dia seguinte tudo que parecia uma boa ideia começou a cheirar mal quando percebi que o passeio começava com a quase-impossível tarefa de sair de casa carregando Pedro, patinete, bicicleta, carrinho de bebê, mochila do Pedro, bolsa do Bernardo, canguru (aquela mochila de carregar crianças) ... lá pelas tantas eu pensei em gritar lá da porta "Ligia, tem certeza que a gente precisa levar este bebê-bochecha hoje?". Mas fiquei com medo de ser acusado de negligenciar o caçula em prol de um patinete e me calei.

Ainda na nossa rua avistei logo à frente o carro dos pais de um amiguinho do Pedro. Logo ali estava João, com seus pais, dirigindo-se ao mesmo campo de batalha. Querendo fazer graça avisei ao Pedro só para passar o resto do caminho com ele gritando no meu ouvido "vai pai, corre, passa ele, eles vão chegar na nossa frente, corre papai, corre papai". Foi bem tranquilo. Quando chegamos esperei educadamente que a mãe do João estacionasse o carro enquanto os gritos passaram para "eles estão saindo do carro... me espeeeeeeeeera João Mena!!!!".

Estacionei. Tirei carrinho. "Espeeeeeeeeeeera João Mena!!!!". Tirei bicicleta. "Não vão sem miiiiiiiiiiiiim!!!!". Tirei patinete. "Eles estão indo! Ele estão indo!". Abri carrinho. "Ah não, eeeeeiiiiii, me espera!!!". Pendurei bolsa do Bernardo no carrinho. Chegou mais uma amiga. "Paoooola, me espeeeeeeeera!!!!". Pendurei mochila do Pedro no carrinho. "A Paola está indo na frente!!!!". Tirei Pedro. "Pedrooooo, aí passa carro. Fica parado!!!!" - agora era eu gritando. Tirei Bernardo, acho que o pendurei na minha cabeça. "Pedro, espera meu filho, sua mãe ainda está presa do carro". Fui tirar a Ligia, mas ela saiu sozinha ligeiramente irritada porque eu parei em uma vaga apertada (mas que tinha o tamanho igual a TODAS as outras vagas do estacionamento).

Pronto, tínhamos chegado. Mas eu já estava exausto, então propus a volta para casa imediatamente. Recuar a tropa, retirada emergencial. Ideia imediatamente rechaçada pelo comande Pedro que, a esta altura, já estava sentado no carrinho elétrico perguntado "como faz isso aqui para andar?". É, a aventura não tinha nem começado ainda.

To Be Continued...
"Agora sim, em velocidade adequada,
não aquela lerdeza do meu pai!"

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Novidadinhas...

Bê já tinha minhocado do trocador para o berço e, como todas as crianças desta idade, escorregado do carrinho por baixo. Mas agora ele se superou! 

Fui fazer umas coisas na cozinha e coloquei a figura do meu lado no carrinho. Claro que toda hora ele se esticava para tentar escorregar por baixo. Aí eu puxava ele para cima. Depois de umas 6 vezes, acho que ele pensou "vou engana-la e ela não vai perceber que estou tentando sair"

Foi quando Bê jogou as pernas por cima da "bandeja" do carrinho e começou a projetar a barriga para o alto em um movimento de sair de outra forma daquela prisão. Como pode? 6 meses apenas?

E eu achava que Pedro era agitado. Bernardo está fazendo o primogênito parecer calmo. Pedro no início, ficava sentado na hora das refeições. Um babador resolvia. Ele tinha uma camisa babador que nunca precisei usar e agora está servindo para o Bernardo. Na verdade, nem está, pois ele adorou o sabor do plástico e não tira ela da boca! Além de pular igual pipoca, enfiar a mão na colher, fazer uma bagunça danada! Não quer comer se qualquer outra atividade estiver rolando perto dele. Uma verdadeira saga gastronômica alimentar o gorducho.

Mas se Bernardo está mais perigoso e agitado, também está entrando em uma fase de maior interesse por TV. Já assiste um vídeo inteiro da BBMais. Grita, interage, gargalha. O maior barato. E são muito bonitinhos e apropriados para a idade. Estimulam na medida certa e "ensinam"cor, música, forma, bichos etc. 

Espero que fique cada vez mais fácil, que ele firme o sentar para se distrair com brinquedinhos no entorno, com isso poder passar para o engatinhar e cumprir todas as etapas do desenvolvimento infantil padrão.

Adorando o macaquinho

Será que se eu me esticar mais, consigo sair daqui?!












quarta-feira, 1 de junho de 2016

Operação de Guerra II

Já escrevi aqui que sair com um filho, muitas vezes, parece uma operação de guerra. E, se eu já identificava isso quando tinha apenas um, imaginem agora que são dois?! É claro que a esta altura do campeonato, Bernardo com 6 meses, já saímos, passeamos e viajamos algumas vezes com eles, mas este final de semana excedeu as expectativas. Tivemos programação da turma do mais velho no sábado e no domingo e desta vez nada de festinha em um ambiente controlado, com mesas, buffet, uma única porta e monitores para ajudar. Fomos com tudo para rua!

No sábado a turma resolveu se encontrar no planetário onde há um pequeno parque (que levou anos para inaugurar) e uma vasta programação infantil. Sábado era o dia de "Oficina de Monstros" (que não fazíamos ideia do que era, achamos que Pedro ia adorar e ele nem ligou), oficina de espadachim (que imaginamos como era e achamos que Pedro ia adorar e... ele nem ligou também) e um teatrinho (que achamos que o Pedro não ia ligar, mas ele adorou!). Mas, principalmente, onde havia espaço para correr e muitos amigos da escola. Levamos o Bernardo também e ele encontrou os seus amigos ((juro que são os últimos parênteses do parágrafo) que são os irmãos mais novos dos amigos do Pedro).

Foi muito divertido. Para as crianças. Para nós adultos foi uma mistura. Foi metade diversão, metade maratona e metade pânico (sim, pais nestas situações têm muitas metades) (e usam muitos parênteses no texto também). Diversão porque é delicioso ver as crianças em tal alegria, correndo, brincando, subindo nos brinquedos e interagindo com seus amigos. Maratona porque muitas vezes as crianças e os amigos precisavam de um "monstro", "bicho papão", "alienígena" ou "zumbi" que corresse atrás deles e invariavelmente os pais (nem todos) eram imediatamente convidados a entrar na brincadeira. Só que, uma vez nela, eram proibidos de sair ("tio Duda, você pode ser o monstro?". "Posso sim". "Então me coloca no ombro e corre atrás dos outros amigos". "Assim?" pergunto depois de colocar uma criança de 15 Kg no pescoço. "Não, mais rápido!!! Vai, vai, vai!!!").

Mas principalmente pânico. Sim, acho que a metade do pânico foi a maior de todas. A maioria dos pais mostrava-se preocupado, mas controlado, fazendo pose de que "eu sou um pai tranquilo e só um pouco preocupado de que meu filho (ou filha) seja carregado por um tarado pedófilo vestido de palhaço no meio dessa multidão". As crianças, sem saber que existem estes tipos de palhaço, não estavam nem aí. Só queriam saber de correr e misturar-se às outras dezenas de criança que estavam na mesma situação. Como éramos um grupo grande, tínhamos muitos olhos para cuidar de todas as crianças, mas mesmo assim volta e meia víamos uma criança do grupo vagando sem companhia e sem o monitoramento de um dos adultos do grupo. Eu e Li nos revezávamos entre olhar o Pedro, as outras crianças, cuidar do Bernardo e ainda fazer o papel eventual de lobo mau.

Mas lá pelas tantas notei que o grupo de pais foi se profissionalizando, ficando mais esperto. No início estávamos todos mais ou menos juntos, mas lá para o final do evento comecei a notar que os pais estavam espalhados, estrategicamente posicionados para cobrir a maior área possível do campo de batalha. Já não precisávamos nos falar, bastava um olhar ou gesto que já nos entendíamos e trocávamos sinais para indicar onde estava cada criança... ou seja, operação de guerra. No final obtivemos sucesso e nenhuma criança desapareceu (ufa!), mas comecei a pensar na possibilidade de investir mais equipamentos. Na pior das hipóteses um conjunto de walk-talks para os pais. Na melhor, pulseiras com GPS que dão choque se a criança se afastar muito.

Mas aí, quando eu achava que tínhamos travado e vencido nossa maior batalha, descobri que era apenas Ligny. Waterloo seria no dia seguinte...

Beijos do pai do Pedro e do Bernardo. Ou do monstro.

Pedro com um amigo.

Pedro com as amigas.

Ligia e seus amiguinhos.