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sábado, 17 de janeiro de 2015

Eu tive susto, parte II

Percebi que no post de ontem falei muito mais de mim do que do Pedro, coisas que o medo faz com a gente. Mas este blog é o nossopedrinho, não o nossopapaimedroso, então vou corrigir esta falha hoje. Pedro estava realmente agitado com toda a estória. Mas o moleque consegue ser lindo mesmo assim, né? Uma das coisas mais bonitinhas que ele falou ontem, já de banho tomado e me explicando tudo como quem conta uma confissão foi:

"Papai, mas eu tenho medo. Eu sou valente com passarinho e eu sou valente com pombo. Mas com a cigarra eu tive susto..."

Não é lindo?! Além disso ele teve várias atuações engraçadas neste assunto (digo "atuações" porque muitas vezes parece que o Pedro realmente é um ator interpretando personagens em um teatro dramático ou de comédia), como quando ele ficou mostrando com as suas mãozinhas que a cigarra ficou rodando no chão do quarto. Não consigo reproduzir bem em texto, mas ele embolava uma mão na outra rodando e fazendo bico com a boca... lindo demais.

Outras frases que merecem registro:

Pedro: Papai o bicho vai entrar!
Papai: Não filho, a porta está fechada (...eu sei que está porque conferi mais de uma vez...)
Pedro: Mas e se ela quebrar a porta?
Papai: Não quebra não filho
Pedro: E se fizer um furo assim (mostrando com as mãos)

Papai: Pedro, escuta o papai. Não precisa ter medo da mariposa...
Pedro: Mariposa?
Papai: Opa filho, desculpe, errei o nome... eu queria dizer "da cigarra" (sim, eu tenho medo de mariposa também)
Pedro: Não pai, era uma cigarra-mariposa.

Mamãe: Filho, pode ficar tranquilo que a cigarra está morta...
Pedro: É? Eu quero ver a morta?
Mamãe: Tá bom filho, amanhã mamãe te mostra, mas fique tranquilo que ela não vai mais voar...
Pedro: Mas eu tive susto mamãe, era grande assim (mostrando com os dedos)... e tem muitas...
Mamãe: Muitas o quê Pedro?
Pedro: Muitas cigarras querendo voar no meu quarto.

Fechamos a porta do quarto dele (eu ia trancar, mas a chave estava dentro do quarto e fiquei com medo de entrar) e levamos seu colchão para o nosso quarto. Ele dormiu ao nosso lado e dormiu bem, sem pesadelos. Mas a primeira frase do dia seguinte foi: "Papai Mamãe, eu quero ver a morta".

Beijos papai-duda

Tranquilos...
...porta fechada...
...cigarra morta...
...e mamãe em casa...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Eu tive susto, papai...

Ontem cheguei em casa e encontrei o Pedro quase chorando e com carinha de pânico. Ele veio correndo para a porta mas, ao invés do abraço forte que sempre me derruba no chão, fui recebido por um discurso agitado contando que uma cigarra tinha invadido seu quarto. O moleque estava agitado, com aquelas mãozinhas gesticulando rapidamente e me mostrando como o bicho tinha entrado pela janela, voado em volta da luz e caído no chão perto dele. Depois voou novamente em direção à luz e fez um barulho estranho que o assustou e quebrou a luz (não quebrou, mas ele teve esta impressão).

Salete estava ao seu lado, com aquele jeitinho calmo que lhe é peculiar, e em meio aos argumentos e frases agitadas do Pedro, me disse que a cigarra já tinha ido embora, voando pela janela. Muito tranquilo e sereno, expliquei para o Pedro que ele não precisava ter medo, que a cigarra é um bicho feio mas que não faz mal nenhum a nós, não morde, não pica e não ataca. É apenas um inseto que já tinha ido embora e que, de qualquer jeito, agora o super papai já estava em casa com ele, que ele não precisava temer o tal bicho.

Por fora eu era um poço de serenidade e segurança. Por dentro meu coração batendo acelerado, a adrenalina correndo a 200 Km/h pelas minhas veias e um ligeiro tremor nas pernas e braços. Eu tenho *P*A*V*O*R* de insetos voadores e me arrisco a dizer que uma cigarra é a manifestação mais violenta deste repugnante objeto de fobia. De verdade tenho medo de minha reação se um dia estiver brincando com o Pedro no quarto e uma maldita cigarra resolver dar este passeio sobre nossas cabeças fazendo aquele arrepiante barulho do filme psicose e que algumas pessoas muito filhas da p*** resolveram chamar de "canto das cigarras".

Tenho fé que o instinto paterno será mais forte que o instinto de sobrevivência e ao invés de agarrar o Pedro pelas pernas e atirar sobre a cigarra, eu simplesmente diria "olha filho, uma cigarra, vamos espantá-la para fora de casa". Mas, sinceramente, acho mais provável uma reação meio-termo. Não usaria o Pedro de escudo, mas talvez o agarrasse de qualquer jeito e sairia correndo até chegar no elevador. Fechando cada porta no caminho. Medo é assim, irracional. Uma coisa que me irrita é quando as pessoas, bem intencionadas eu sei, tentam controlar nossa fobia dizendo que "é um bicho menor que você, ele que deveria ter medo".  Sério, cocô de mendigo é bem menor que eu e mesmo assim eu morreria de medo se um viesse voando na minha direção!!!

Mas é claro que eu não quero passar esta fobia para o Pedro, afinal interromper uma reunião com todos os seus funcionários porque um besouro entrou na sala ou simplesmente ir embora de um cliente porque um enxame de insetos resolveu invadir o escritório não são exatamente acontecimentos que deixam o sujeito orgulhoso. Então, totalmente controlado (principalmente porque a cigarra havia voado para fora de casa), fomos juntos procurar a cigarra pela casa.

Quando o Pedro já estava mais tranquilo, como quem não quer nada, perguntei à Salete: "mas Lete... você viu a cigarra saindo pela janela?". Sua resposta foi "não Duda, mas ela estava aqui quando fui buscar uma vassoura para espantá-la e quando voltei já não estava mais, deve ter saído pela janela".

Hã?! What?! Deve ter saído pela janela?! Você não tem certeza de que ela saiu pela janela?!?! Discretamente fui procurá-la na luminária e lá estava o monstrinho voador (tirei uma foto e tudo!). Continuei calmo porque ela parecia morta, de barriga para cima. Mas quando ela começou a bater as asas e fazer barulho... levei o Pedro para o banho e só saímos depois que mamãe chegou em casa!

Beijos do papai-duda-cigarrafóbico


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Volta à rotina

Antes de falar mais sobre as férias vou pular um período e comentar sobre a volta às atividades normais. Segunda-feira o Pedro se surpreendeu com o final das férias. E não gostou. Quando falamos que estava na hora de ir tomar banho ele perguntou: "onde a gente vai?". Respondi que nós iríamos trabalhar e ele iria para a escola e ele logo reagiu chorando: "Mas eu estou de férias! Eu não quero ir para a escola! Eu quero só brincar". Mesmo entendendo perfeitamente o sentimento (eu também não queria ir para o trabalho...) expliquei que era assim mesmo, que ficávamos um pouco de férias, depois voltávamos para escola e trabalho, depois mais férias, depois escola / trabalho novamente...

Ele não se conformou, mas se distraiu e parou de chorar. Quando fomos deixá-lo na escola a reação já foi melhor. Talvez porque a escola está toda enfeitada para a "colônia de férias" e o tema escolhido este ano foi "Aventuras no Fundo do Mar". Além do Pedro adorar o fundo do mar e estar com a experiência "Oceanário" viva em sua cabeça, a primeira coisa que vimos foi um polvo gigante (artesanal) pendurado sobre o pátio da escola. Ou talvez tenha sido a possibilidade de rever seus amigos. Não sei exatamente o que foi, mas papai e mamãe ficaram aliviados com uma despedida mais tranquila.

Ontem foi o dia de voltar para a natação e, ao contrário da escola, Pedro estava empolgado. Ele ficou meio chateado quando achou que não daria tempo de brincar em casa antes de ir (ele tem a rotina dele de acordar, ver um pouco de "teevisão", brincar no quarto com os brinquedos e só então tomar banho ou ir para a natação). Mas como deu tempo de fazer tudo ele foi alegre e saltitante.

Mas o que me surpreendeu mesmo foi um diálogo que tivemos antes mesmo da natação. Foi mais ou menos assim:

Pedro: Papai, onde a gente vai?
Papai (lembrando do choro de ontem por causa da escola): Agora não vamos a lugar nenhum, vamos ao banheiro fazer xixi.
Pedro: E depois?
Papai (começando a embromação): Depois você volta para o quarto para brincar mais um pouco.
Pedro: E depois?
Papai (vendo que o moleque não ia desistir): Depois vamos para a natação.
Pedro: E depois?
Papai (usando os últimos recursos): Depois voltamos para casa para tomar banho.
Pedro: E depois?
Papai (reconhecendo a derrota): Depois você vai para a escola e nós vamos trabalhar...

Adivinhem qual foi a resposta do moleque?...

Pedro: Eba!

Isso mesmo. De "não quero porque estou de férias" para "eba"...

Beijos do papai-duda

O moleque chegou dormindo ao Brasil...


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Adieu vieille année

O tempo nestes primeiros dias que passamos em Lisboa estava lindo. Frio, mas lindo. Era até engraçado se arrumar dentro do apartamento (com o aquecimento ligado), olhando aquele sol lá fora que mais parecia verão do Rio de Janeiro, mas colocando um milhão de casacos, gorro, luvas porque sabíamos o que nos esperava lá fora. O dia mais quente foi o dia 31/12, exatamente o dia que o Pedro decidiu que não queria sair de casa. Neste dia ele disse que só queria ficar em casa brincando com seus novos presentes.

Foi difícil para mamãe se conformar, afinal estava um dia lindo e quase quente. Mas já percebemos que o moleque tem esta característica nas viagens. De vez em quando ele quer um descanso, um dia para ficar "em casa" e relaxar. E ele escolheu o dia 31 para isso. Mamãe então aproveitou para dar umas voltas e fazer umas comprinhas básicas (nada muito especial com o Euro nas alturas, claro). Mas dia 31 é dia de Réveillon então, mais cedo ou mais tarde, teríamos que sair de casa para comemorar a virada com o primo Santi e companhia.

Então aproveitamos a proximidade com o fim de tarde para propor um passeio no teleférico do Parque das Nações e o Pedro se animou. Olhando de fora sempre achei um passeio bobo, mas quando entramos e passeamos por um entardecer simplesmente maravilhoso, ainda coroado por sorrisos e pulos de alegria do guri, percebi rapidamente que logo se tornaria um dos passeios mais legais da viagem. Depois viemos caminhando por toda a orla embasbacados pelos tons do céu português no último dia do ano. Valeu cada segundo, valeu cada passo.

Ainda comemoramos uma virada super animada no horário de Paris. Explico: é que além de sermos muito chiques (nossa alma está em Paris, mon chéri), somos pais e avós esgotados com crianças super-ativas gritando e correndo pela casa! Então decidimos encerrar a festa uma hora mais cedo e às 23:00h de Lisboa (meia noite em Paris) comemoramos a nossa virada de ano. Quando 2015 oficialmente chegou à Lisboa já estávamos na nossa casinha prontos para dormir.

Feliz 2015 para todos! Beijos papai-duda.

Pedro resolveu ficar brincando em "casa"

"Thanrãããã"

"A paisagem é linda, mas o modelo é mais!"

"No topo"

Rumo ao novo ano.

"A paisagem é linda, mas a modelo é mais..." (novamente)

"Farra dos primos"

"Sim, havia uma neném de 3 meses tentando dormir..."




domingo, 4 de janeiro de 2015

Pavilhão do Conhecimento

No dia seguinte ao Oceanário, fomos com o Pedro e o primo Santi ao Pavilhão do Conhecimento. Também foi um passeio muito interessante (para as crianças e para os adultos). Este é um tipo de museu que eu sinto muita falta em nossa cidade. Um museu super interativo onde as crianças vão brincando e sem perceberem têm contato com vários conceitos científicos.

Pedro e Santi se acabaram brincando juntos nas letras do espaço DOING e depois ficaram horas brincando de construção em outro espaço para criança. O museu ainda tinha uma exposição temporária sobre a mente humana que eles passaram batidos, pois era para crianças mais velhas, e outra sobre luz e som que nem deu tempo de entrar. Se morássemos aqui, daria para voltar pelo menos umas três vezes ao ano.

Depois fomos todos almoçar no Brasserie Entrecôte. Da última vez que viemos à Lisboa ficamos apaixonados por este restaurante e agora descobrimos que abriu uma filial bem ao lado do nosso apartamento (bem em frente ao Oceanário + Pavilhão do Conhecimento). O engraçado foi que éramos cinco adultos e duas crianças, mas só tinha mesa de quatro e ficamos assim mesmo. Foi um almoço divertido mas, digamos, um pouco tumultuado. A carne, como eu lembrava, estava deliciosa.

Ainda aproveitamos o dia para ir ao shopping Colombo onde exageramos um pouco e, após nos perdermos dos vovôs Nádia e Fernando, voltamos para casa mais carregados que muambeiro vindo do Paraguai. Compramos um milhão de roupas para o pequeno, alguns brinquedos na Toy R Us (mas não encontramos ainda os dois dragões que ele pediu ao Papai Natal...) e mantimentos para a nossa casinha.

Foi um dia intenso e gostoso. Beijos do papai-duda.








sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Oceanário (fotos)

"Mamãe, não é o Vasco, é uma bóia!"

"Quero ir no tubarão"

"Uau..."

"..."

"Carinho no peixão, mas tem um vidro!"

"Onde está o sapinho?"

"Olha primo, que peixe diferente"

"Parece uma aranha"

"Adorei, agora vamos na lojinha?"



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Oceanário

Este era, sem dúvida, o passeio mais esperado de Lisboa. Não sei se o Pedro estava tão ansioso quanto nós estávamos. Vovó Sonia, por exemplo, nos contou que havia sonhado a noite inteira com o Pedro no Oceanário. Então aproveitamos logo o primeiro dia completo em Lisboa e fomos visitar o tal aquário de tubarão. Tivemos a companhia do primo Santi com a vovó Nádia e o vovô Fernando.

A primeira coisa que o Pedro viu, ainda de longe, foi uma arraia jamanta. O Oceanário estava bem cheio, então peguei o Pedro no colo e ele viu este animal batendo suas asas de longe ainda, e já começou a ficar extasiado deste este momento. Fomos nos aproximando do aquário, fazendo espaço entre as pessoas e, de repente, sem que anunciássemos, um grande tubarão passou logo na nossa frente.

Pedro não disse nada, não falou o "uau" que tanto adoramos e nem gritou "o tubarão!!!". Ele simplesmente ficou parado acompanhando o bichão com os olhos e com a boca aberta. Acho que a primeira reação foi um misto de fascínio com uma certa apreensão porque ele não esperava um peixe tão grande. Afinal ele sempre via os tubarões na televisão ou nos livros e não tinha muito a dimensão de um ao vivo.

Mas logo depois ele despertou para os demais peixes do aquário e começou a anunciá-los ("olha uma arraia águia", "que peixe engraçado!", "acho que esta é a arraia elétrica", "uau, que peixe grande!"). Quando ele notou que no andar de baixo era possível chegar mais perto do vidro, quis descer correndo e praticamente ignorou os animais no caminho (pinguins, lontras etc.).

Corremos para o primeiro andar onde ele pôde ficar com o nariz grudado no vidro até cansar. Foi então que ele começou a pedir para ver uma moreia. E lá fomos nós à caça de uma moreia, mas passando por outros aquários que ele foi adorando também. Vimos peixe-leão, caranguejo que parecia aranha, estrela do mar, sapos, peixes diferentes e várias moreias... valeu a ansiedade, pois foi um dos passeios mais legais que já fizemos com o Pedro.

Pedro adorou, curtiu e quer voltar lá. Só teve um passeio, por enquanto, que o deixou tão empolgado quando o Oceanário: a lojinha do Oceanário.

Beijos do papai-duda-que-acha-que-a-viagem-já-valeu