Vou entrar em um assunto delicado que vai deixar algumas pessoas
emocionadas. Eu mesma não escapei.
Uma das grandes questões dos pais é como explicar a morte
para as crianças e mesmo protegê-las da dor causada por ela.
Pedro, aos 4 anos, passou por sua primeira perda: a Laila.
Ele amava a Laila. Era sua companheira nos almoços de domingo e em Teresópolis.
Desde muito pequenino ele brincava com ela como se fosse humana e ela realmente
não decepcionava e o seguia fielmente.
Quando ela morreu, além de muito tristes, ficamos bem preocupados
com o emocional do Pedro e em preservar a Didi e Titio dos questionamentos que
ele certamente faria. Pedro perguntou diversas vezes pela Laila, sentia saudade,
mas com o tempo pareceu ter se acostumado a não tê-la mais presente.
Semana passada, no entanto, ao encontrar sem planejar a Didi
em nossa garagem, para a nossa surpresa, ele perguntou da Laila. Ela ficou
abalada com o assunto inesperado e talvez a resposta não tenha sido suficiente
para ele, pois quando entramos no carro, estabeleceu-se o seguinte diálogo:
- “Mamãe, a Laila está no céu?”
- “Sim, meu amor.”
- “Papai do céu vai mandar a Laila de volta para cá?”
- “Um dia.”
- “Amanhã?”
- “Não amor, vai demorar muito, pois ela ficou dodói e ele
está cuidando dela.”
- “Eu posso ir lá brincar com ela?”
- “Agora a mamãe preferia que não, meu amor.”
- “Se eu virar cachorro, papai do céu deixa eu brincar com
ela?”
Graças a Deus do nosso prédio à escola o caminho é curto e
logo o assunto foi interrompido para mais um dia de aula.
Mas o que para nós foi um alívio, para o pequeno ficou mal
resolvido.
Ontem, Pedro que há muito tempo vem perguntando da Salete e
dizendo estar com muita saudade dela, falou com o Duda:
- “Papai, estou triste.”
- “Por que, filho?”
- “Eu já sei que a Lete morreu.”
Por um momento sentimos um frio na barriga e corremos para
ligar para a Vania, afinal criança às vezes tem sexto sentido. Mas Lete estava
ótima e viajando.
Então, de madrugada, caiu a ficha.
A Lete que era superpresente na vida dele de repente não faz
mais parte do dia a dia. Mas todas as vezes que ele pediu, ela veio visita-lo.
Só que há pouco menos de um mês ele pediu se ela podia busca-lo na escola e ela
não foi. Então certamente ele associou à Laila e estava sofrendo com isso.
É assim que as crianças guardam por anos certos traumas vividos
na infância e isso acaba se transformando em culpa ou algo não muito positivo. Temos
um exemplo bem próximo na família.
Se ele não entendeu exatamente o que aconteceu e o motivo, o
céu é o limite para a imaginação, pro bem e pro mal.
Daqui pra frente, radar ligado certas situações. E o máximo
de explicação possível para tudo.
É difícil explicar algo que nem mesmo a gente entende direito né? Lindo post, tb fiquei emocionado, claro.
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