Páginas

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Operação de Guerra II

Já escrevi aqui que sair com um filho, muitas vezes, parece uma operação de guerra. E, se eu já identificava isso quando tinha apenas um, imaginem agora que são dois?! É claro que a esta altura do campeonato, Bernardo com 6 meses, já saímos, passeamos e viajamos algumas vezes com eles, mas este final de semana excedeu as expectativas. Tivemos programação da turma do mais velho no sábado e no domingo e desta vez nada de festinha em um ambiente controlado, com mesas, buffet, uma única porta e monitores para ajudar. Fomos com tudo para rua!

No sábado a turma resolveu se encontrar no planetário onde há um pequeno parque (que levou anos para inaugurar) e uma vasta programação infantil. Sábado era o dia de "Oficina de Monstros" (que não fazíamos ideia do que era, achamos que Pedro ia adorar e ele nem ligou), oficina de espadachim (que imaginamos como era e achamos que Pedro ia adorar e... ele nem ligou também) e um teatrinho (que achamos que o Pedro não ia ligar, mas ele adorou!). Mas, principalmente, onde havia espaço para correr e muitos amigos da escola. Levamos o Bernardo também e ele encontrou os seus amigos ((juro que são os últimos parênteses do parágrafo) que são os irmãos mais novos dos amigos do Pedro).

Foi muito divertido. Para as crianças. Para nós adultos foi uma mistura. Foi metade diversão, metade maratona e metade pânico (sim, pais nestas situações têm muitas metades) (e usam muitos parênteses no texto também). Diversão porque é delicioso ver as crianças em tal alegria, correndo, brincando, subindo nos brinquedos e interagindo com seus amigos. Maratona porque muitas vezes as crianças e os amigos precisavam de um "monstro", "bicho papão", "alienígena" ou "zumbi" que corresse atrás deles e invariavelmente os pais (nem todos) eram imediatamente convidados a entrar na brincadeira. Só que, uma vez nela, eram proibidos de sair ("tio Duda, você pode ser o monstro?". "Posso sim". "Então me coloca no ombro e corre atrás dos outros amigos". "Assim?" pergunto depois de colocar uma criança de 15 Kg no pescoço. "Não, mais rápido!!! Vai, vai, vai!!!").

Mas principalmente pânico. Sim, acho que a metade do pânico foi a maior de todas. A maioria dos pais mostrava-se preocupado, mas controlado, fazendo pose de que "eu sou um pai tranquilo e só um pouco preocupado de que meu filho (ou filha) seja carregado por um tarado pedófilo vestido de palhaço no meio dessa multidão". As crianças, sem saber que existem estes tipos de palhaço, não estavam nem aí. Só queriam saber de correr e misturar-se às outras dezenas de criança que estavam na mesma situação. Como éramos um grupo grande, tínhamos muitos olhos para cuidar de todas as crianças, mas mesmo assim volta e meia víamos uma criança do grupo vagando sem companhia e sem o monitoramento de um dos adultos do grupo. Eu e Li nos revezávamos entre olhar o Pedro, as outras crianças, cuidar do Bernardo e ainda fazer o papel eventual de lobo mau.

Mas lá pelas tantas notei que o grupo de pais foi se profissionalizando, ficando mais esperto. No início estávamos todos mais ou menos juntos, mas lá para o final do evento comecei a notar que os pais estavam espalhados, estrategicamente posicionados para cobrir a maior área possível do campo de batalha. Já não precisávamos nos falar, bastava um olhar ou gesto que já nos entendíamos e trocávamos sinais para indicar onde estava cada criança... ou seja, operação de guerra. No final obtivemos sucesso e nenhuma criança desapareceu (ufa!), mas comecei a pensar na possibilidade de investir mais equipamentos. Na pior das hipóteses um conjunto de walk-talks para os pais. Na melhor, pulseiras com GPS que dão choque se a criança se afastar muito.

Mas aí, quando eu achava que tínhamos travado e vencido nossa maior batalha, descobri que era apenas Ligny. Waterloo seria no dia seguinte...

Beijos do pai do Pedro e do Bernardo. Ou do monstro.

Pedro com um amigo.

Pedro com as amigas.

Ligia e seus amiguinhos.

Um comentário:

  1. Rindo muito aqui. Com todo o respeito (pra usar parênteses também, agradecendo a Deus por não estar lá...)

    ResponderExcluir