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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Escola Parque


A adaptação do Pedro na nova escola foi bem tranquila.

Mas surgiu uma questão que eu não esperava. A turma é muito heterogênea, inclusive fisicamente e isto causou estranheza às crianças de uma maneira geral. Pelo o que eu entendi, os diferentes ficaram na defensiva e Pedro, que aparentemente não tinha problema com ninguém, não conseguiu fazer amizade com todo mundo e ele não se conformava com isso. Ele vivia questionando por que ele não conseguia ser amigo de todo mundo como era na Criativa.

E tinha um menino específico que atormentava a existência do Pedro, a quem ele se referia como “aquele do dente estranho”.

Comecei explicando que na Criativa ele conhecia todos desde bebê e que para construir laços demandava tempo e que ele só não lembra disso porque era muito pequeno.

Mas quando fizemos a tal reunião individual na escola, a coordenadora me disse para direcionar Pedro a algo mais real: não agradamos a todos assim como nem todos nos agradam. Então é normal que alguém não goste de vc e tb é normal que vc não goste de alguém. E ela pediu para enfatizar esta segunda possibilidade para que Pedro não se sentisse culpado se por um acaso não gostasse de alguém.

Fato é, a questão da dificuldade de relacionamento da turma por conta de diferenças físicas devia estar tão evidente que o projeto do primeiro trimestre do ano letivo passou a ser sobre as diferenças. E os pais foram convocados para uma reunião sobre o método adotado pela escola que achei simples mas eficaz pois parece já estar dando grande resultado. Eles se basearam principalmente em leitura e interpretação de livros dentro do tema, além de algumas atividades.

A escola, que estimula o pensamento e a autonomia também sempre propõe rodas de discussão diante de um problema onde os próprios alunos chegam à solução de seus impasses.

Uma das atividades que a professora contou que fez com a turma e que eu mais curti foi a dança dos cadernos de desenho. Cada criança começava fazendo um desenho no seu próprio caderno. Quando a música parava, elas tinham que entregar o caderno para o amigo da direita continuar o desenho. Claro que não deu certo porque um espírito de porco resolveu rabiscar o caderno alheio ao invés de completar o desenho. As meninas ficaram revoltadas. A Júlia (prof) parou a atividade e propôs uma roda de discussão e perguntou o que eles estavam sentindo diante do ocorrido e como achavam que podiam resolver este problema. Ao final, as meninas quiseram arrancar suas folhas rabiscadas e todos chegaram à conclusão de que não podiam fazer com o amigo o que não gostavam que fizessem com eles próprios. E a Júlia propôs nova dança dos cadernos para ver se todos tinham entendido. E a segunda rodada foi perfeita e fluida.

Agora que todos entenderam que diferenças são saudáveis e importantes para o enriquecimento individual e coletivo, a paz parece estar reinando.

E Pedro mais feliz com as novas amizades.

Este é o novo amigo Pipe

A turminha toda!



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