Um dia desses meu pai me lembrou uma história muito interessante da minha pré-adolescência. Eu devia ter uns 13 ou 14 anos quando tive vontade de colocar um brinco. Note que em 1990 não era tão comum o uso de brinco, pois ainda nem existiam os piercings que hoje já estão super difundidos.
Na escola onde eu estudava, por exemplo, nenhum menino usava brinco. Era uma escola pequena, de classe média tijucana. Apesar de ser uma escola com muita liberdade, estava muito longe de ser uma escola cheia de pessoas modernas.
Pois é, nem sei de onde foi que eu tirei a idéia do brinco, mas o fato é que cheguei em casa dizendo que eu queria furar a orelha. A reação da grande maioria dos pais daquela época seria dizer que eu estava louco, perguntariam por que eu queria parecer um revoltado se não tinha motivos ou que isso não era coisa de homem.
Mas meu pai teve uma reação totalmente oposta. Achou a ideia super legal e me levou para furar a orelha na Mesbla no Centro da cidade. Chegando lá na Mesbla do Passeio a máquina estava quebrada, então voltamos para a Mesbla da Tijuca onde ele pagou pelo furo. Como o preço incluía a opção de furar duas orelhas e eu queria apenas um, ele quase furou a orelha dele também. Só não furou porque eu avisei que doía.
Quando eu cheguei no dia seguinte na escola foi um alvoroço. Coordenadores, diretores e alunos vieram me perguntar por que eu havia feito aquele furo na orelha e a minha resposta era muito simples: "sei lá, porque eu fiquei com vontade". Não havia um grande motivo por trás daquele brinco e eu não estava tentando provar nada a ninguém. Mas o mais interessante foi, sem dúvida, a reação dos meus pais. Lembro de um garoto uns dois anos mais novo que eu dizendo que o pai dele o tinha proibido de furar a orelha, mas que ele furaria um dia desses mesmo assim.
Pois é, mas isso não quer dizer que meus pais era super-modernos ou me deixavam fazer o que eu queria. Sempre foram pais abertos ao diálogo e me criaram muito bem (aliás, obrigado por isso!). Mas também eram pais bastante controladores, preocupados e cuidadosos. Ao longo de minha infância e adolescência disseram muitos "nãos" e vários assuntos foram objeto de negociação extensa. Mas, por algum motivo, acharam que colocar aquele brinco era um direito meu e que não seria um problema.
Continuo usando o brinco, simplesmente porque gosto, mas agora sou pai. E aí fico pensando que tipo de coisas o Pedro irá querer fazer e até que ponto nós permitiremos que ele faça? O que se tornará um conflito entre as nossas gerações e o que estaremos dispostos à ceder? Se o Pedro quiser furar a orelha com 13 anos, com certeza isso não será um problema. Se ele quiser colocar um piercing, também não. Mas, e se ele quiser fazer uma tatuagem? Com quase 35 anos, estou pensando em fazer a minha primeira agora.
Acho que estas questões não podem ser respondidas agora. Primeiro porque, por mais que eu fique pensando nisso, com certeza o Pedro irá nos surpreender com um algo a mais que não pensamos. Segundo que tudo vai depender de quem ele será aos 14 anos. E terceiro que, depois que o Pedro nasceu, descobri que nossas teorias não conseguem prever a dimensão que as coisas tomam quando se tratam do seu filho.
Então é torcer para que tudo dê certo. Ou que possamos corrigir o que der errado.
Beijos do pai.
Tudo que vocês escrevem é uma delicia... todas as fotos do Pedro são lindas (é claro, porque o original é lindo!)... Mas essa segunda foto está demais!!!!! Eu adoraria decifrar esse sorriso!!!
ResponderExcluirMuitos beijos de uma dindavó gripada que não vai poder apertar o Pedrinho hoje :o(
Se conseguirmos criar o Pedro como nossos pais nos criaram, temos grandes chances de alcançar um resultado tão bom qto o nosso! Já a Julia, tadinha, provavelmente ficará como nossos irmãos... Bjs e mais bjs da irmã mais orgulhosa do mundo!
ResponderExcluirQUE LINDO PEDRINHO!!!!JA ESTA USANDO A ROUPINHA QUE A PRIMA BRUNA DEU!!!!
ResponderExcluirBEIJOS!!!