Antes de começar a ler este post, por favor, entenda que esta é a minha visão na condição de pai observador e participativo. Não necessariamente reflete a opinião da Ligia, verdadeira interessada no assunto junto com o nosso filho Pedro. Muito pelo contrário, ela até me disse que não se sentiu do mesmo jeito que eu. Dito isso, vamos em frente.
A alimentação do bebê é provavelmente a função mais importante que ele tem na vida e que depende totalmente de uma outra pessoa. Respirar, por exemplo, ele respira sozinho, mas sem comer ele não consegue se desenvolver e manter as outras funções vitais funcionando. Portanto ela é a primeira grande responsabilidade dos pais. Mais tarde também precisamos nos preocupar com criação, educação e em pagar as passagens de ônibus para jovens que não têm um carro aos 18 anos. Mas nos primeiros dias, desde as primeiras horas, é a alimentação que pesa.
Isso fica claro, por exemplo, quando a enfermeira leva o bebezinho para o quarto depois de um tempo na incubadora. A primeira coisa que ela faz é tentar colocar o bebê no seio da mãe. Se não for mamar, pelo menos vai se acostumando. Esta também é a primeira pergunta que o médico e os familiares fazem, "está mamando direitinho?". É claro que isso tudo é muito natural, pois como eu mesmo disse, está é a função mais vital que deve ser desempenhada pela mãe e pelo pai no início da vida de seu filho.
Mas acontece que, por mais bonito e importante que seja, a função de alimentar o filho nem sempre é fácil. A mãe de um amigo meu fala, com muita razão, que para amamentar tem que ser macho. Também concordo plenamente com o médico que escreveu que "amamentação está mais associada à prática e método do que a amor e intuição" (infelizmente não lembro o nome dele). Com o Pedro sentimos isso na pele. Quer dizer, para ser justo, a Ligia sentiu na pele, eu senti no coração. Digo isso porque vi como é difícil para uma mãe e seu bebê lidar com todas as dificuldades do processo. E para completar ainda estão sujeitos a uma pressão social gigante.
Sei que as pessoas não fazem por mal, mas a pressão social existe e gostaria de aproveitar este espaço para refletir sobre o assunto. Esta pressão sempre me deixou um pouco chateado, mas me deixava realmente irritado quando vinha de um homem. Homem nenhum poderá jamais sentir o que uma mulher sente em relação ao seus seios, então precisamos tomar muito cuidado com os nossos comentários. Quando vejo homens dizendo que é um absurdo não amamentar um bebê ou que qualquer mulher pode amamentar se tentar suficientemente, eu logo penso na seguinte situação: estou jogando futebol (o que, para quem me conhece, sabe que é por si só uma situação surreal, mas enfim...) e de repente levo aquela bolada no saco. O ar desaparece, as pernas fraquejam e os joelhos dobram. Me vejo me contorcendo no chão, gemendo e com os olhos cheios de lágrimas. Aí chega uma mulher e fala "deixa de ser fraco, levanta e bate logo esta bola para o gol". Na boa, mulher não sabe como é tomar uma bolada no saco. E homem não sabe o que é ter um seio.
Além disso, a ditadura do aleitamento materno tem muita força. Note bem uma coisa, não discuto que o aleitamento é a forma mais saudável, prática, completa e barata de alimentar uma criança. Mas parece até que ela é a única forma sagrada de alimentação e que qualquer outra opção é pecaminosa, prejudicial, incompleta, capitalista, corrupta, irresponsável e tudo de ruim que existe. Quando uma criança está sendo alimentada com leite industrial as reações variam de revolta ("Absurdo!") a pena ("Não teve leite, né? Também, magrinha desse jeito...").
Aleitamento no peito é muito mais saudável. Respirar ar puro também, mas nem por isso vamos nos mudar para a floresta com as nossas crianças. Cada criança é uma criança e cada mulher uma mulher. Conversando e ouvindo as histórias dos outros isso ficou ainda mais claro. Uma amiga contou que alimentou o filho até cinco anos (o que eu, particularmente acho um exagero. Mas como acredito no direito que cada um tem de optar sobre isso, não faço cara feita, não recrimino e não descrimino) e não conseguiu alimentar a filha mais nova por mais de dois meses. Detalhe: ela amamentava o menino antes e continuou amamentando depois que a menina parou. Isso mostra que cada criança é uma criança diferente e que a amamentação não depende apenas da mulher.
Outra amiga, por razões pessoais, amamentou muito pouco seus dois filhos. Apesar disso o primeiro sempre esteve acima do peso enquanto o mais novo sempre esteve abaixo do peso. Bem mais velhos, os dois se aprovimaram da tal curva de evolução do peso e são crianças lindas, saudáveis e muito ativas.
Para os pais de primeira viagem e que querem fazer o melhor possível para o seu filho, tudo é novidade e tudo dá medo. Gostaríamos que tudo fosse perfeito, que nosso menino recebesse o melhor em todos os aspectos. Mas, às vezes, só conseguimos dar o melhor possível. E, nestas horas, ouvir consolos e lamentações do tipo "o importante é dar carinho", é fogo.
Enfim, Pedro está ótimo, cada dia mais esperto e lindo. Está se alimentando vorazmente com Aptamil 1 e às vezes tem cólica. Mama mais ou menos de três em três horas, apesar de às vezes dormir seis horas seguidas ou exigir leite a cada duas horas. Costuma nos avisar que está na hora de alimentá-lo mais ou menos assim (em seu próprio idioma): "Mamãe e papai acho que estou ficando com fome. Ih, fiquei faminto!!!".
Beijos do papai que adorou a possibilidade de amamentar o seu filho mesmo não tendo leite.
Pedro com um pouquinho mais de um mês |
O primo estava de olho na mamadeira? |
Dinda Fê já está treinando para as noites de sábado |
Duda, parabens por expressar mais uma vez de forma brilhante o seu ponto de vista. Concordo plenamente com o que vc disse. Agora, que ela está muito magrinha, está. Amo vcs 3 de todo o meu coração. Duda, Ligia e Pedro, não necessáriamente nessa ordem.
ResponderExcluirBeijos do vovô coruja
Só um homem com a sua sensibilidade poderia entender as dificuldades da amamentação.Vocês foram também muito pouco amamentados por mim,mas em compensação criei com muito amor dois homens lindos por dentro e por fora.
ResponderExcluirPalmas para mim e para Liginha que está criando meu netinho com muito amor e carinho.
Bjs da vovó agradecida
sou apaixonada pelo padrinho do pedro!! Familia linda!!
ResponderExcluirperfeito!
ResponderExcluirFlávia
Pois é. Eu sofro de um "bullyng" reverso aos das mães que não amamentaram durante muito tempo seu filho. O meu tem 2 anos, e ainda mama muito. Muita gente acha errado e, até, esquisito (??!!). MAs quer saber de uma coisa? Dane-se, o mundo é das crianças...
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