Os Raimundos usaram a frase que me apropriei e coloquei como título deste post para falar da relação com uma mulher de fases, que mudava de acordo com o calendário (que eles chamam de folhinha, coisa que eu nunca entendi... Quem inventou de chamar calendário de folhinha???). No meu caso não vou falar de uma mulher de fases, vou falar de um bebê sempre perfeitinho, mas por vezes complicado.
Em primeiro lugar quero dizer como é difícil para nós, pais e apaixonados, admitir que existem momentos ou características "complicadas" em nosso bebê. O amor é tão grande que parece que estamos cometendo um delito gravíssimo! Que tipo de pai eu sou? Pensar nisso já é um pecado, escrever isso para a posteridade então...
Mas, por outro lado, acho que externar este assunto também é uma maneira de aceitá-lo como normal. Quando o Guigo nasceu me surpreendi ao perceber que a vida se tornaria mais completa a partir daquele momento. Este pedacinho de gente nos transforma e gera um tipo de amor impossível de prever ou explicar. É um sentimento diferente, forte e gostoso.
Mas isso não quer dizer que o menino irá se comportar exatamente do jeito que gostaríamos o tempo todo. Afinal ele não é um tamagoshi, é uma pessoinha que já tem vontades, personalidade e veio cheio de argumentação. E, muitas vezes, ele se comporta de um jeito que cansa bastante.
Admito que o primeiro a perder a paciência com ele fui eu. Lembro que foi na época em que eu ainda estava de licença e no meio de uma madrugada o Pedro não parava quieto durante a mamada. Tanto fez que acabou golfando na roupa e a minha reação imediata foi dar uma bufada e dizer "porra Pedro!". Falei isso e o menino ficou com aquele olhar fixo de bebê, sem dizer nada mas dizendo tudo.
A culpa e a dor na consciência são imediatas. Como é que a gente pode perder a paciência com aquela coisinha que amamos tanto? Quando contei isso para a minha mãe ela ficou emocionada e assustada. Ela associou o perder a paciência a dar uma bronca ou uma palmada no menino e chegou a ficar com os olhos cheios de lágrimas.
Não foi o caso de dar bronca. Também não foi o caso de dar palmada. Mas foi a percepção de que nós mesmos não conseguimos agir sempre da maneira que gostaríamos. Então não temos o direito de achar que o nosso bebê irá agir e reagir sempre de forma perfeita, apesar dele mesmo ser perfeitinho!
Isso tudo foi dito (escrito, na verdade...) com muita dificuldade. Repito, não são coisas das quais nos orgulhamos e gostamos de admitir. Mas este blog também serve para nos ajudar a manter o pé no chão e lembrar que somos apenas três seres-humanos que se amam muito e estão se adaptando a uma vida nova. Uma vida complicada e perfeitinha.
Pedro, desculpe seu pai por todas as vezes que ele perder a paciência com você na vida, porque ele já perdoou você por todas as vezes que você o fizer perder a paciência.
Beijos do pai mais complicado que perfeitinho.
 |
"Este é o meu novo companheiro de berço" |
 |
Concentrado vendo TV |
 |
Que friozinho... |