sábado, 11 de agosto de 2012
A Festa II
Então, deixei vocês ansiosos? Desculpem-me, mas esta era exatamente a minha intensão! Foi assim que eu me senti a semana toda, ansioso e curioso por este momento, então resolvi dividir um pouco a sensação com vocês. Na festa parecia que o moleque era eu. Nervoso, roendo as unhas, sentadinho no tatame de cara para outros pais, alguns parecendo mais à vontade, outros tão perdidos quanto eu e esperando para ver o que ia acontecer. Eu queria mesmo é que o Pedro aparecesse logo para segurar a minha mão e me deixar mais calmo.
Então as crianças começaram a descer no colo das tias. O Pedro foi o primeiro que apareceu, no colo da coordenadora pedagógica da creche. Eles desceram por uma escada lá no fundo do pátio e eu logo reconheci o Pedro, mas imediatamente me surpreendi com uma coisa: como ele é pequenininho! É o meu filho, fico grudado nele várias horas por dia, dou banho todas as manhãs, coloco para dormir quase todas as noites e acordo com ele na minha cama todas as manhãs. Sei exatamente qual é o tamanho dele. Mas naquela hora o moleque pareceu menor, bem pequenininho mesmo. Talvez fosse apenas a minha consciência notando que eu, marmanjo, estava na verdade inseguro e esperando que aquele bebê me desse um pouco mais de confiança e de segurança.
Além dele ser uma pessoa tão pequenina, ele ainda chegou no colo da moça chorando. Isso me surpreendeu e, de certa forma, me desarmou. A festa ainda nem tinha começado e o Pedrinho já estava chorando. Definitivivamente este não era o plano. Quando ele veio para o meu colo parou de chorar imediatamente, mas me agarrou de um jeito, segurando pelo colarinho e apontando para a rua, que logo ficou claro que ele queria muito ir embora. Eu disse para ele "Pedro, o que houve? Não fique assim, é a nossa festa!", mas ele ficou lá agarradinho comigo como se eu fosse deixá-lo a qualquer momento e ele não quisesse permitir esta possibilidade, não quisesse dar chance para o azar.
Outras crianças apareceram em seguida, alguma correndo e gritando papai, outras mais low profile. Um outro amiguinho chegou chorando e o pai pediu a chupeta para acalmá-lo. Mas naquele momento todo o ambiente, a festa e todo o contexto ficou meio turvo e o mundo pareceu resumido a nós dois. Como eu disse, este não era o meu plano. Esperava encontrar o Pedro como ele é lá em casa, ou como ele fica nos momentos de diversão: correndo, sorrindo, cheio de energia e brincando. Mas o moleque estava lá agarradinho e apontando para a rua.
Mesmo assim ficamos na festa. O tio Vanderley, que toca música na creche para as crianças, ciceroneou a festa vestindo um roupa espalhafatosa e gravata borboleta de lantejoulas. Começamos cantando algumas músicas que as crianças conhecem. Cantei com o Pedro, bati palmas, brincamos, mas ele estava lá no meu colo, com as perninhas encolhidinhas e super desconfiado. Não chorou mais, mas também não sorriu. Quando o tio Vanderley sugeriu que as crianças saíssem do colo para dançar, um amiguinho do Pedro correu para o meio do pátio e ficou dançando sozinho. Outros levantaram e ficaram dançando em frente aos seus pais. O Pedro não saiu do meu colo, não largou a minha camisa e não quis dançar.
Se tivesse um balãozinho expressando os pensamentos do moleque, acho que estaria escrito "tá achando que eu vou dar o mole de largar você, depois tu me deixa aqui e vai embora. É ruim hein!". Então a festa teve mais dança, uma brincadeira com tecido e um túnel tipo de quadrilha para as crianças passarem por baixo. Pedro acabou rindo comigo e se divertindo, mas não me largou e não saiu do colo. Lá pelo meio da festa ganhamos bolas de encher e só neste momento o Guigo relaxou um pouco e topou descer do colo para correr atrás da bolinha. Depois dessa brincadeira ele ficou mais solto, me mostrou o painel pintado no fundo do pátio, interagiu um pouco com as outras crianças, ganhou um abraço gostoso de uma amiguinha, tomou suco de uva na caixinha e me deu dois presentes maravilhosos.
Não é que a festa não tenha sido divertida. Foi ótima, foi maravilhosa, foi gostosa e durou pouco. Mas de certa forma fiquei surpreso do Pedro ter passado a maior parte do tempo me segurando para que eu não fosse embora. Não reconheci aquele Pedro e mais uma vez lembrei que a criança não é um brinquedinho nosso que se comporta conforme nossos planos, mas sim uma pessoinha com vontades próprias. Quando chegamos em casa, no corredor antes de abrir a porta de casa, de repente reconheci o meu Pedro novamente quando, às gargalhadas, ele resolveu brincar de fugir de mim correndo em volta do carrinho.
Pedro, meu filho e meu amor, um dia você deve ler este blog, então o que eu gostaria de lhe dizer é: fique tranquilo, eu não deixaria você sozinho naquela festa por nada neste mundo.
Beijos do pai prêmio Nobel do amor (pelo menos era isso que estava escrito na medalha que ganhei dele naquele dia).
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Ai, ai, ai...chorei novamente!!! Parabéns, Papai Dudu, Papai com P maiúsculo! O Pedroca é tão sortudo quanto eu, vovó Beth e tiovô Ed :)
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