Para vocês que me conhecem e me notam como um sujeito valente, corajoso, seguro de si e modesto, tenho uma confissão a fazer. Eu tenho medo de insetos voadores. Tá bom, eu tenho medo de qualquer inseto, mas eu consigo correr mais rápido do que os que não voam, então neste caso não chega a ser um problema. Mas os malditos insetos voadores percebem e sempre voam na direção de quem tem medo. No caso, eu.
Durante muito tempo pude dar asas à minha fobia sem medo de ser feliz. Não é com orgulho que eu admito que já passei por cima de muita gente para fugir de bichos. Literalmente. Uma vez peguei minhas coisas e fui embora do trabalho quando um enxame de bichinhos-gigantes-de-luz resolveu invadir o escritório. Acho que nem desliguei o meu computador aquele dia.
Enfim, esse sou eu. Mas depois que o Pedro nasceu eu me imbuí de uma energia de samurai e, pelo menos na frente do moleque, nunca dei piti por causa de um besouro ou mariposa. Faço isso ao custo de muito auto-controle para não passar para ele esta fobia irracional, afinal que mal pode nos fazer uma borboleta?
Mas hoje de manhã estávamos na quadra do prédio fazendo ginástica enquanto o Pedro brincava de jogar bola, roubar os elásticos que o personal usa para nos exercitar e o Pedro usa para amarrar os seus dinossauros. Até que a Ligia percebeu que havia restos mortais de uma abelhinha-cachorro no braço do Pedro.
Muito calmamente (porque a Ligia veio de um planeta onde as pessoas são amigas dos insetos) ela falou com o Pedro: "filho, vem cá que tem um bichinho no seu braço, deixa eu tirar". O quê!? Quando o moleque viu o cadáver no seu braço ele se transformou. Começou a gritar em desespero se estrebuchando enquanto, ao mesmo tempo, dava porradas no braço para arrancar o bicho de lá o mais rapidamente possível. Em um milésimo de segundo ele estava sentado no colo da mãe. Acho até que involuntariamente, pois suas pernas devem ter falhado e os joelhos dobrado sozinhos.
Mesmo depois que o bicho (na verdade, meio bicho) já tinha se desmaterializado no chão, ele continuou resmungando e olhando cada milímetro do seu corpo para ter certeza que a angústia tinha realmente acabado. É... igualzinho ao pai. Este é o meu garoto!
Beijos do papai-duda.
Pedro brincando com um elástico. Não tenho foto do momento do bicho porque estava apavorado demais para tirar uma foto... |