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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Meu garoto!

É muito bom quando a gente se reconhece nos nossos filhos. Mesmo quando trata-se de uma característica que você não gostaria de passar adiante, de repente você enxerga aquilo no moleque e, com um sorriso bobo, percebe que "é o seu garoto".

Para vocês que me conhecem e me notam como um sujeito valente, corajoso, seguro de si e modesto, tenho uma confissão a fazer. Eu tenho medo de insetos voadores. Tá bom, eu tenho medo de qualquer inseto, mas eu consigo correr mais rápido do que os que não voam, então neste caso não chega a ser um problema. Mas os malditos insetos voadores percebem e sempre voam na direção de quem tem medo. No caso, eu.

Durante muito tempo pude dar asas à minha fobia sem medo de ser feliz. Não é com orgulho que eu admito que já passei por cima de muita gente para fugir de bichos. Literalmente. Uma vez peguei minhas coisas e fui embora do trabalho quando um enxame de bichinhos-gigantes-de-luz resolveu invadir o escritório. Acho que nem desliguei o meu computador aquele dia.

Enfim, esse sou eu. Mas depois que o Pedro nasceu eu me imbuí de uma energia de samurai e, pelo menos na frente do moleque, nunca dei piti por causa de um besouro ou mariposa. Faço isso ao custo de muito auto-controle para não passar para ele esta fobia irracional, afinal que mal pode nos fazer uma borboleta?

Mas hoje de manhã estávamos na quadra do prédio fazendo ginástica enquanto o Pedro brincava de jogar bola, roubar os elásticos que o personal usa para nos exercitar e o Pedro usa para amarrar os seus dinossauros. Até que a Ligia percebeu que havia restos mortais de uma abelhinha-cachorro no braço do Pedro.

Muito calmamente (porque a Ligia veio de um planeta onde as pessoas são amigas dos insetos) ela falou com o Pedro: "filho, vem cá que tem um bichinho no seu braço, deixa eu tirar". O quê!? Quando o moleque viu o cadáver no seu braço ele se transformou. Começou a gritar em desespero se estrebuchando enquanto, ao mesmo tempo, dava porradas no braço para arrancar o bicho de lá o mais rapidamente possível. Em um milésimo de segundo ele estava sentado no colo da mãe. Acho até que involuntariamente, pois suas pernas devem ter falhado e os joelhos dobrado sozinhos.

Mesmo depois que o bicho (na verdade, meio bicho) já tinha se desmaterializado no chão, ele continuou resmungando e olhando cada milímetro do seu corpo para ter certeza que a angústia tinha realmente acabado. É... igualzinho ao pai. Este é o meu garoto!

Beijos do papai-duda.

Pedro brincando com um elástico.
Não tenho foto do momento do bicho
porque estava apavorado demais para
tirar uma foto...


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Fim de semana manero

Pissoal,

Eu chiguei! Há um tempo que eu não escrevia no blog dos meus pais, afinal a minha vida é muito corrida. Corro pra cá, corro pra lá... pega papai! É muita brincadeira pra brincar e muito adulto pra alegrar. Não é mole não, eu fico muuuuito cansado.

Mas hoje resolvi pedir licença pras tias na quéche porque eu quero dizer que o final de semana foi legal demais. Se eu pudesse, todos os finais de semana seriam assim: brinquei com o primo João Marcelo no sábado e com os primos Iel e Vito no domingo. Encontrei vovô Nilto e vovó Suônia no sábado e a vovó Beth no domingo. Brinquei com o dindo e a tia Mari no sábado e com a didi e o titio no domingo. Papai e mamãe estavam o tempo todo comigo. Ainda encontrei um monte de outros adultos bagunceiros. Foi muito bom!

Papai e mamãe, obrigado e dinada.

Pedro


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Primo João

Hoje é aniversário de três anos do primo João Marcelo. Muitas vezes o destino planeja e conspira a nosso favor e acho que foi isso o que aconteceu quando de repente estes dois meninos, João e Pedro, vieram parar na nossa família com apenas um mês e pouquinho de diferença. Juntos eles estão nos ensinando algumas coisas e a sensação é que ainda vamos aprender muito com estes moleques.

Estamos entendendo, por exemplo, que afinidade não é uma coisa que se constrói ou se conquista. Parece que a tal afinidade (que com o tempo vai se transformando em amizade) simplesmente aparece quando tem que aparecer. João Marcelo acaba de voltar de uma temporada em São Paulo, então neste pequeno espaço de tempo de vida dos dois, eles ainda não tiveram a chance de conviver muito. É claro que havia um esforço generalizado das famílias para tentar superar os 400 e poucos quilômetros que os separavam fisicamente.

Mas nada se compara a ter os dois morando na mesma cidade e conseguindo se ver com frequência. Mas para mim ficou claro que não é a proximidade que vai construir a afinidade. Está claro que esta afinidade sempre esteve lá entre os dois. Me lembro da festinha do João Marcelo no Jardim Botânico, por exemplo. Eles já estavam morando em cidades diferentes e se vendo muito pouco, mas quando chegamos o João veio receber o Pedro com um sorrisão e o Pedro logo gritou "O João!!!".

Desde que eles voltaram para o Rio já conseguimos nos encontrar algumas vezes. Já fizemos, por exemplo, uma farra gostosa na piscina do prédio e a prova de que este momento ficou gravado na cabeça do Pedro é que, há poucos dias ele viu uma boia lá em casa e perguntou "O que isso está fazendo aqui? É a boia do João?". Não era a boia do João, mas era uma boia parecida e ele logo lembrou do primo.

No final de semana passado nos encontramos novamente, na casa da vovó Nádia e do vovô Fernando. Quando chegamos, a primeira reação do Pedro foi ficar envergonhado com tantos adultos. A segunda foi perguntar "Cadê o João?!?!?". E quando o João chegou foi que a festa realmente começou. Os dois brincaram de dinossauro, fugiram do vovô-monstro, assistiram um pouquinho de DVD, correram de um lado para outro e a brincadeira mais divertida foi ficar pulando juntos do deck da piscina. Uma baita aventura!

No final nenhum dos dois queria que o outro primo fosse embora. Estava divertido demais! Explicamos ao Pedro que estávamos indo para casa e que o João iria embora também. Mas que nos veríamos logo, logo, no próximo final de semana. Ele se conformou e parece até que entendeu que agora o primo não vai mais dar aquelas sumidas de meses como antes. É muito gostoso vê-los brincando juntos e mais gostoso ainda ver este laço se fortalecendo a cada dia. E amanhã tem mais!!!

João, que você tenha um aniversário muito feliz, com muita brincadeira e tudo de bom nesta nova fase da sua vida.

Beijos do dinduda, da dinda e do primo pedro.

Os dois se divertindo.


Quer dizer, todo mundo se divertindo...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Dia da Avó

No calendário oficial, o Dia da Avó cai 26 de Julho. Mas agora lá em casa toda semana tem o Dia da Avó Sonia. É que a vovó Sonia resolveu reservar as tardes de sexta-feira para buscar o Pedro na creche e passar um tempo curtindo com ele. O moleque, que não é bobo nem nada, já entendeu a dinâmica e adora quando chega o seu Dia da Avó Sonia. Vovô continua com seus dois dias exclusivos e acaba tirando uma casquinha do dia da avó também.

Semana passada, na sexta-feira de manhã, quando estávamos no carro indo para a creche eu perguntei se ele sabia quem iria buscá-lo na creche naquele dia. Sua resposta imediata foi que seria o vovô. Mas aí eu disse: "Sim, o vovô também vai. Mas sabe quem mais vai?". Ele imediatamente respondeu sorrindo "a vovó!!!". Mas o que eu achei mais engraçado foi que depois ele ficou uns dois segundos pensando e então completou "a vovó Sonia, vovó Sonia!".

O primeiro "Sonia" saiu meio fechado, tipo "vovó Suônia", mas o segundo veio perfeito. A sensação que eu tenho é que ele ainda está fixando as palavras e os nomes em sua memória e que foi mais fácil para ele lembrar que a vovó ia buscá-lo do que recuperar o segundo nome da vovó. Sim, porque para o Pedro meu pai se chama "Vovô Nilton" e minha mãe "Vovó Sonia" e ele ainda está tentando compreender o motivo de tanta gente com o mesmo nome (vovó, titia, tia, tio etc...).

Vovó ainda está meio receosa com o momento do encontro. As reações do Pedro são mesmo imprevisíveis. Já aconteceu do Pedro abrir um sorrisão e correr para os meus braços porque eu eu apareci para buscá-lo na creche e já aconteceu de me olhar com cara de "o que cê tá fazendo aqui?" e, sem dizer um "oi", apenas me mandar abrir o guarda-chuva e seguir em frente. Na semana passada, por exemplo, segundo relatos ele abriu um sorrisão quando viu a vovó, mas ao invés do abraço preferiu mostrar um dodói que havia feito na bicicleta.

Depois disso eles brincam, passeiam do shopping, compram presente para o Pedro (Pedro já avisou que o vovô tem dinheiro), lancham e entornam mate na camisa do vovô. Chegando em casa tem mais brincadeira, mais "foge vovó", mais "monstro ho ho ho ho" e geralmente quando eu chego os três já estão mortinhos, mortinhos. Mas também estão mortos de alegria e prontos para começar mais um final de semana divertido.

beijos do papai-duda


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Aventura do Antibiótico

Muita gente implica com o tal do antibiótico, mas ele é um dos responsáveis por nossa longevidade. Tudo bem que isso não quer dizer que vamos tomar coquetel de antibiótico no café da manhã. Mas quando o Dr. Pediatra nos manda dar, é claro que obedecemos na hora. Mesmo que isso signifique descer do ônibus sem nem olhar onde estamos para dar o remédio onde quer que o moleque esteja. Mas aí também começa uma aventura.

Dar um remédio com gosto ruim para o Pedro duas vezes por dia por dez dias e ainda ter que acertar sempre o mesmo horário é muito complicado. Deve ser complicado para todo mundo, não estou me fazendo de vítima. Mas como este blog é sobre o nosso Pedrinho e não o Pedrinho dos outros, vou falar da nossa experiência. Em resumo: é complicado.

O Pedro é uma criança muito tranquila para tomar remédio. Em todos estes anos (e estamos quase fechando o terceiro ano!!!), raríssimas foram as vezes que tivemos que forçá-lo a tomar um remédio. Até pelo contrário, em geral ele toma sem reclamar e até achado graça. Mas tem remédio que ele não gosta, então tem que rolar uma negociação pesada.

Com o último antibiótico foi assim. As duas ou três primeiras doses ele tomou tranquilamente. Mas daí em diante, quando chegávamos com o remédio, ele esticava os olhinhos para ver qual a cor do líquido na colher e dizia. "Não quero nããããããão. Este é chato". Às vezes, depois de alguns argumentos ele resolvia tomar, mas dava uma última olhada na colher e se visse uma única e pequena bolhinha de ar formada na superfície do líquido ele fechava a boca e dizia "tira isso!".

Outras vezes, quando ele se convencia que tinha que tomar, resolvia trocar a pessoa que estava dando o remédio. Tipo, se era o papai que estava há dez minutos tentando convencê-lo (e olha que não pode passar da hora certa de dar o remédio!!!), ajoelhado e equilibrando quatro mililitros na colher, ele dizia: "Papai não, é a vez da mamãe". E aí era só trocar a colher de mãos sem entornar nem uma gota do maldito remédio (porque tem que dar a dose certinha!!!). Se era a mamãe quem estava com a colher na mão ele dizia "Mamãe não, é a vez do papai". Tipo assim: a gente nunca acertava a vez de quem era, sabe?

Mas assim fomos seguindo a saga do remédio até que no penúltimo dia nos demos conta de que estaríamos no casamento justo na tal hora da dose noturna. Então quem ia se divertir com a gincana do antibiótico eram a didi e o titio. Só que, para dar mais emoção à tarefa, o moleque dormiu antes do remédio chegar até ele. Aí foi assim: papai e mamãe no alto da boa vista em direção ao casamento, celular pegando mal, didi e titio no carro com o Pedro desmaiado e a hora do remédio passando.

A Fê dizendo que preferia chegar em casa e acordá-lo para o remédio e nós tentando dizer que isso não funcionaria porque o moleque estava desmaiado, com toda pinta de dormir até o dia seguinte e, se acordasse, entraria no modo hiper-super-mau-humor e não aceitaria o remédio de jeito nenhum. A única opção era ele tomar dormindo mesmo. E foi assim, com papai e mamãe parados em uma esquina do alto da boa vista onde tinha sinal de celular, que ouvimos o titio narrando a experiência:

- Calma, calma. paramos o carro aqui na calçada. Pisca-alerta ligado. A Fê está tentando dar o remédio com ele dormindo...
- Estou com sudorese, ele vai engasgar (esta era a voz da Fê, baixinha e ao fundo).
- Opa, ela conseguiu dar um pouquinho...
- Não Renato, ele dorme com a língua no céu da boca... ele vai engasgar... ai meu Deus, minha irmã vai me matar...
- Tá tudo bem aqui Li... tudo sob controle... ela está conseguindo...
- Tá formando uma poça de remédio embaixo da língua!!! Ai meu Deus...
- Li, fiquem tranquilos, está tudo sob controle, ele está quase tomando o remédio...

Mas depois de muita sudorese da didi, o moleque engoliu o remédio, deu uma resmungada e continuou dormindo. E foi até divertido...

Beijos do papai-duda.

Já que não tinha foto do evento, coloquei
esta do dia em que fomos na casa da didi.
Afinal, ele está tão bonitinho, né?


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Sitio do Pica-pau Amarelo

Dando continuidade a um assunto citado no post de ontem, sábado retrasado levamos o Pedro na festinha da Clara. Nosso pequeno chegou quase-cochilando porque agora, mais do que nunca, ele luta para não dormir durante o dia nos finais de semana. Mas quando pegamos o carro por 10 minutos, o sono quase venceu a luta. Se o prédio da Clarinha fosse no próximo quarteirão ele não teria resistido. Confesso que fiquei um pouco preocupado porque o Pedro com sono, às vezes, é bem difícil.

Deixei os dois na porta e fui procurar vaga, mas antes disso expliquei a ele que iria só estacionar o carro e voltaria. Ele ficou olhando com cara de desconfiado mas foi com a mamãe para a festa. Quando cheguei, remoendo a tal questão dele estar com sono e talvez mal-humorado, quase fui atropelado por uma manada enlouquecida de crianças correndo de um lado para o outro no play. As crianças eram lideradas por uma princesinha vestida de Emília (a aniversariante) e no final da fila vinha o menino mais novo, correndo, rindo e gritando. Era o Pedrinho. O nosso, não o do sítio.

Com o tempo percebi que as crianças mais velhas estavam brincando de pique-pega enquanto o Pedro, sem entender muito bem a regra, estava brincando de correr, gritar e empurrar as outras crianças enquanto gargalhava. Lá pelas tantas a brincadeira mudou para pique-parede, ou seja, se a criança estivesse com uma das mãos na parede, ela não poderia ser pega, estava impune. Vou explicar melhor para os leitores que tiveram sua infância na era video-game-televisão: é como se a criança tivesse vencido a prova do anjo no BBB e não pudesse ir para o paredão, certo?

Enfim, o pique-parede rolando e as crianças correndo de um lado para outro até que um dos meninos, que estava no papel de pegar os outros, viu-se praticamente sem opções. Todas as crianças estavam exercendo o seu direito de impunidade, menos uma. O Pedrinho. O menino bateu de leve no braço do Pedro e gritou "tá com vocêêêêêêêê" e correu para colocar a mão na parede. Pedro soltou uma mega gargalhada e começou a gritar "tá com você, tá com você, tá com você" batendo (de leve, porque era brincadeira) em todas as crianças.

O garoto tentou protestar e eu pensei em intervir para explicar que o Pedro era muito pequeno para entender as regras. Ele é "café-com-leite". Segurei meus impulsos e deixei a psicologia infantil resolver o impasse. Mas, antes que eu me desse conta, a brincadeira já tinha mudado para pique-arranca-o-rabo-da-cuca e todos estavam se divertindo novamente. Ficamos algumas horas deixando o moleque se esbaldar, mas olhando de perto para evitar que ele pulasse uma janela ou subisse nas grades do parapeito.

Só que precisávamos sair para ir a um casamento. Para que a festa do Pedro não fosse interrompida pedimos socorro ao titio e à didi que, mesmo tendo ingressos para o bloco de pré-carnaval Spanta Neném naquele dia, resolveram vendê-los para quebrar este galhão pra nós (Valeu Fê! Valeu Rê). Foi aí que tive uma conversa cheia de emoção com o moleque. Vida de pai é assim, emoções à mil, né? Foi mais ou menos assim:

- Pedro, papai e mamãe têm que sair porque vamos a um lugar só de adultos...
- Vocês vão embora? - misturando uma carinha de triste com surpreso.
- Nós vamos mas voltamos logo, nos encontraremos mais tarde em casa, tá? A didi e o titio vão continuar com você na festa tá?
- É?... - definitivamente com carinha de triste
- Sim filho, mas aqui está muito divertido não é?

Pedro ficou em silêncio e com a mesma carinha de triste lançou um olhar melancólico para o horizonte. Ficou alguns segundos assim e disse:
- Papai...
- Oi filho...
- Olha a lua - apontando para a lua que já estava começando a aparecer.
- É filho, a lua tá lá.

Aí ele se vira para mim, com um olhar que foi no fundo da minha alma e disse:
- Tchau papai...

É sinistro deixar o moleque assim. Mas fomos em frente e ainda tivemos momentos super emocionantes com o Renato narrando as tentativas da didi dar o antibiótico com o moleque dormindo. Mas esta história eu deixo para um outro post...

beijos do papai-duda.

Pedrinho e Emília

Pique-pega-o-rabo-da-cuca


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Crianças espertas

Uma das coisas mais deliciosas de termos filhos, além dos filhos propriamente dito, é que eles nos dão acesso direto a um mundo muito interessante. É um mundo povoado por seres pequenos, mas que carregam um conhecimento imenso e mágico. Estão passando por uma fase de profunda absorção de tudo o que os cerca sem várias censuras e travas da vida adulta. São as crianças, estes seres maravilhosos, cheios de energia e disposição que alegram os nossos dias.

O resultado é que acabamos escutando coisas muito engraçadas saindo deles. Às vezes são comentários inusitados, às vezes são coisas extremamente simples e muitas vezes são demonstrações únicas de sapiência e sagacidade. Um dia desses, por exemplo, estávamos com o Pedro em uma festinha super animada da amiga Clarinha. Pedro se divertiu tanto (nós também, é claro!) que vale um post inteirinho sobre o tema. Mas uma passagem que podia ter se transformado em trágica acabou sendo engraçadíssima por causa de um comentário de um destes "seres".

Pedro estava correndo de um lado para o outro como um alucinado contente, mas com vários olhos sobre ele, tomando conta. Em dado momento ele entrou no salão onde havia um banco inadvertidamente colocado abaixo de uma janela. Com aquela agilidade que lhe é peculiar Pedro subiu e já estava se pendurando na janela quando a Ligia, com a habilidade peculiar de pais desesperados, o segurou. Além da Ligia, várias pessoas que estavam por perto reagiram à aventura do pequeno. Entre estas pessoas havia um menino um pouco mais velho, que devia ter cinco anos no máximo.

Ligia segurou o Pedro pelos bracinhos e muito séria falou com ele: "Pedro, não pode fazer isso. Nunca mais faça isso. É muito perigoso, se você subisse ali faria um dodói muito, muito sério em você". O tal menino assistia tudo bem de pertinho. A Li ficou até com a impressão de que ele também teria segurado o Pedro e evitado a queda, caso seus braços elásticos de mãe não tivessem crescido tão rapidamente diante do perigo. Mas então, a Ligia está explicando ao Pedro o tal dodói muito sério quando o menino solta uma exclamação: "Hã?!?! Dodói?!?! Ele ia é morrer!!!". É, tipo isso.

Neste mesmo dia fomos a um casamento mais tarde. Pedro ficou com didi e titio na festa e depois foi dormir na nossa casa com a vovó Beth. No casamento ficamos com a incumbência de fazer companhia para a Cati, filha de grandes amigos nossos que estavam no papel de padrinhos no altar. Cati entrou como dama e depois voltou para a porta da igreja, onde ficou aguardando o momento de entrar pela segunda vez com as alianças. Foi neste momento que resolvi elogiar sua atuação na igreja. Foi um elogio sincero, mas também com objetivo de "dar uma moral" e motivá-la para a segunda etapa. Falei que ela tinha sido ótima e logo após o meu comentário ela me olhou meio de lado e disse "É, eu sei. Todo mundo gostou". Então tá.

E para completar este dia de pérolas infantis o nosso pequeno também mandou uma muito boa para a didi e o titio. Vendo um parquinho no prédio ao lado de onde ocorria a festa, ele avisou que queria ir brincar lá. Segundo nos contaram, o diálogo foi mais ou menos assim:

- Didi, titio. Quero ir no parque.
- Que parque Pedro?
- Aqueeeeele láááá...
- Pedro, naquele parque não dá, tá vendo, tem uma grade.
- Vamos pular?
- Não Pedro, a grade é alta, não dá para pular.
- Tive uma ideia...
- Qual?
- Vamos procurar uma porta!!!

É, eles estão cada dia mais na nossa frente. Beijos do papai-duda.

Olha a pose do moleque segurando o mamá.
Notem a pegada tipo "sommelier"...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Jáque

..."O nosso blog está mortinho"...

Esta frase da Li ontem a noite me despertou um sentimento que estava guardado no fundo da minha cabeça em algum compartimento de coisas importantes que, se bobear, você nunca mais vai olhar. É o velho problema do dia-a-dia que nos consome e, de repente, percebemos que não estamos fazendo algo que é realmente importante na nossa vida. Geralmente é um hobby ou diversão que vai ficando de lado porque estamos nos dedicando ao trabalho, à gaveta que precisa ser organizada ou uma conta que vai vencer e tem que ser paga.

Sempre considerei este blog como o meu cigarrinho. Não que ele faça mal à saúde, mas sabe aquele cigarrinho que a galera vai fumar mesmo que o trabalho esteja pegando fogo? Então, aquela paradinha que muitas vezes é necessária para desanuviar a cabeça no meio de um dia de cão? Pois é, eu não fumo, mas sempre achei importante dar uma paradinha no meio do dia para escrever aqui no blog. Com o tempo descobri que o blog não só desempenhava o seu papel original de contar para as pessoas o que está acontecendo na nossa vida à três, mas também me ajudava a compensar o stress do meio do dia porque, invariavelmente, terminava os meus posts com um sorriso bobo no rosto.

Por isso ele não pode parar! Ou melhor... por isso ele só vai parar quando o Pedro tiver consciência suficiente para achar que está pagando mico demais na internet e me pedir para parar. Ou mudar de assunto. Então vamos lá... abaixo um post que eu tinha começado a escrever no dia 31 de Janeiro...

"Jáque"

Então, para continuar a estória do último post, Pedro estava com infecção urinária e o Dr. Pediatra pediu... quer dizer, mandou dar o antibiótico. E ele pediu... quer dizer, mandou dar o mais rápido possível, não esperar para dar a primeira dose de noite, no horário que encaixava bem as 12 em 12 horas. Nada mais justo, já que o moleque estava sofrendo cada vez que fazia xixi.

Então, ao receber este pedido... quer dizer, instrução... ou melhor, ordem, depois de ter ido ao Leblon de manhã cedo levar o Pedro para fazer exame, depois de ter voltado ao Leblon logo depois de deixar o Pedro na creche para pegar a receita do remédio, depois de ter entrado em três farmácias para achar o remédio certo e depois de finalmente ter entrado no ônibus em direção ao trabalho... depois disso tudo eu puxei a cordinha do ônibus para descer no próximo ponto sem nem muito saber aonde eu estava.

Acabei descendo perto da casa do vovô Nilton, que por muitos anos teve o apelido carinhoso de Jáque. Então, jáque estava ali perto, resolvi perguntar se ele não estava de bobeira e não queria me dar uma carona até a creche para eu poder dar o remédio do moleque. Ele não estava em casa de bobeira, mas jáque estava por perto e jáque não estava conseguindo encontrar uma lâmpada e, jáque eu liguei, então nos encontramos e ele me deu a carona.

Na verdade foram três caronas: até a creche e jáque estava perto da minha casa fomos deixar o remédio na geladeira. Aí, jáque eu estava indo para Botafogo ele estava por ali, resolveu me deixar em frente ao trabalho. E jáque era uma sexta-feira ele logo voltou para pegar a vovó e foram buscar o pequeno na creche.

Então, jáque toquei no assunto, obrigado pela força vovô!

Beijos do papai-duda

Pedro "muito doentinho" no dia em que tudo isso aconteceu.