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sábado, 27 de dezembro de 2014

Mais sobre a curiosidade infantil

Eu costumo dizer que educar uma criança é full time job. Isso quer dizer que não tem feriado, não tem final de semana e não tem descanso. Como pai, você não precisa (e não consegue) ser infalível. Mas tem que se esforçar para ser coerente e consistente com o que está ensinando ao seu filho, mesmo que naquele momento esteja cansado e, no fundo, preferisse fingir que não viu aquela pirraça que ele acabou de fazer ali no canto. Além disso, educar não é fácil, apesar de ser o melhor presente que você pode dar, todos os dias, às suas crianças.

Dito isso, enquanto escrevia o post de ontem fiquei pensando nesta questão da sinceridade infantil. É difícil explicar para uma criança de três anos que mentir é feio, mas às vezes nem tanto. Em algumas situações, falar a verdade que é feio e mentir é o correto. Mas a vida não seria tão mais simples se adotássemos um pouco desta sinceridade nos adultos também? Veja só, você que já é adulto ganha um presente que não gostou, mas que veio de uma pessoa que você gosta muito.

O que você pensa: "...que bosta de presente. Eu detesto esta cor, não gosto deste modelo e odeio esta loja. Pior que deve ter sido caro e eu não vou poder trocar, porque senão ela (ele) vai saber que eu não gostei..."

O que você diz: "Que lindo! Eu amei! Esta loja é o máximo e esta cor combinado comigo..." (se for uma roupa, você já experimenta para enfatizar que gostou).

O que a pessoa responde: "...ah que ótimo, eu achei a sua cara. Pensei logo que você ia adorar usar no Réveillon!".

Mas, veja só o que ela pensou: "ufa, ainda bem que você gostou... comprei na liquidação do verão passado e não pode mais trocar. Melhor usar logo no Réveillon para não ter risco".

O pior é que você acaba estabelecendo um padrão de presente porque a tal pessoa acha que agradou e vai continuar lhe dando a mesma coisa. Não seria mais fácil dizer a verdade:

- Olha só, eu não gostei. Muito obrigado pelo carinho, mas eu não gosto deste modelo e não gostei da cor também. Eu atá poderia trocar, mas para falar a verdade eu nem gosto muito da loja. Acho melhor você ficar com ela e dar para alguém que vai curtir mais, mas de verdade, fiquei muito feliz de você ter pensado em mim neste final de ano e ter ido comprar este presente. Obrigado pelo carinho.

Aí a pessoa responde:

- Para falar a verdade eu estava tão enrolada que não consegui comprar nada para você. Comprei esta roupa no ano passado e não usei, ou seja, você nem poderia trocar mesmo. Mas eu gosto muito de você e não queria passar o Natal sem lhe dar um presente. Obrigado por ser sincero. Vou fazer o seguinte, deixa passar esta confusão de final de ano que eu compro um outro presente. Aliás, vamos juntos porque vai estar em liquidação e você pode ter problemas em trocar depois, caso continue não gostando do presente.

Pronto! Todos felizes, mais próximos, conhecendo melhor os gostos de cada um e ainda deixaram um passeio marcado para Janeiro. Mas a vida não é tão simples e as crianças, mesmo sinceras, mudam de opinião muito facilmente. No dia seguinte adivinhem qual foi o primeiro brinquedo que o Pedro pegou para brincar? Ganha uma peça de liquidação quem disse "o dragão" primeiro. Ele pegou o dragão na bolsa e me pediu para soltá-lo porque ele estava preso (tirar a etiqueta que ficava em volta do pescoço, eliminando assim qualquer chance de troca). Foi voando com ele para o quarto e achou o tal dragão igual que ele tinha: "veja papai, eles são irmãos!". E assim começou a brincadeira do dia 25.

Beijos do papai-que-gostou-de-todos-os-presentes-que-ganhou



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