Dito isso, enquanto escrevia o post de ontem fiquei pensando nesta questão da sinceridade infantil. É difícil explicar para uma criança de três anos que mentir é feio, mas às vezes nem tanto. Em algumas situações, falar a verdade que é feio e mentir é o correto. Mas a vida não seria tão mais simples se adotássemos um pouco desta sinceridade nos adultos também? Veja só, você que já é adulto ganha um presente que não gostou, mas que veio de uma pessoa que você gosta muito.
O que você pensa: "...que bosta de presente. Eu detesto esta cor, não gosto deste modelo e odeio esta loja. Pior que deve ter sido caro e eu não vou poder trocar, porque senão ela (ele) vai saber que eu não gostei..."
O que você diz: "Que lindo! Eu amei! Esta loja é o máximo e esta cor combinado comigo..." (se for uma roupa, você já experimenta para enfatizar que gostou).
O que a pessoa responde: "...ah que ótimo, eu achei a sua cara. Pensei logo que você ia adorar usar no Réveillon!".
Mas, veja só o que ela pensou: "ufa, ainda bem que você gostou... comprei na liquidação do verão passado e não pode mais trocar. Melhor usar logo no Réveillon para não ter risco".
O pior é que você acaba estabelecendo um padrão de presente porque a tal pessoa acha que agradou e vai continuar lhe dando a mesma coisa. Não seria mais fácil dizer a verdade:
- Olha só, eu não gostei. Muito obrigado pelo carinho, mas eu não gosto deste modelo e não gostei da cor também. Eu atá poderia trocar, mas para falar a verdade eu nem gosto muito da loja. Acho melhor você ficar com ela e dar para alguém que vai curtir mais, mas de verdade, fiquei muito feliz de você ter pensado em mim neste final de ano e ter ido comprar este presente. Obrigado pelo carinho.
Aí a pessoa responde:
- Para falar a verdade eu estava tão enrolada que não consegui comprar nada para você. Comprei esta roupa no ano passado e não usei, ou seja, você nem poderia trocar mesmo. Mas eu gosto muito de você e não queria passar o Natal sem lhe dar um presente. Obrigado por ser sincero. Vou fazer o seguinte, deixa passar esta confusão de final de ano que eu compro um outro presente. Aliás, vamos juntos porque vai estar em liquidação e você pode ter problemas em trocar depois, caso continue não gostando do presente.
Pronto! Todos felizes, mais próximos, conhecendo melhor os gostos de cada um e ainda deixaram um passeio marcado para Janeiro. Mas a vida não é tão simples e as crianças, mesmo sinceras, mudam de opinião muito facilmente. No dia seguinte adivinhem qual foi o primeiro brinquedo que o Pedro pegou para brincar? Ganha uma peça de liquidação quem disse "o dragão" primeiro. Ele pegou o dragão na bolsa e me pediu para soltá-lo porque ele estava preso (tirar a etiqueta que ficava em volta do pescoço, eliminando assim qualquer chance de troca). Foi voando com ele para o quarto e achou o tal dragão igual que ele tinha: "veja papai, eles são irmãos!". E assim começou a brincadeira do dia 25.
Beijos do papai-que-gostou-de-todos-os-presentes-que-ganhou
Nenhum comentário:
Postar um comentário