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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Caldo

Bernardo nem saiu da barriga e já tomou seu primeiro caldo.

Domingo fomos à praia e resolvi dar um mergulho. Entrei de mansinho, o mar estava mega calmo e de repente Duda estava ao meu lado sem o Pedro. Tudo bem que a distância entre eles era pequena, mas confesso que me deu um certo desespero do Pedro solto na borda e fiquei alterando entre expulsar o Duda, tentar mergulhar logo para sair logo e pedir que o Pedro viesse ao nosso encontro.

Nisto veio uma onda um pouco maior e saí “correndo” em direção a ela (pois estava em uma distância complicada). Só que no meio deste processo, me veio à cabeça se com a barriga eu afundaria bem a ponto de furá-la sem problemas. Nunca fui boa de física e não consegui saber rapidamente se a barriga pesaria e ajudaria a afundar ou se funcionaria como uma bexiga de festa e me empurraria para cima. Então em segundos achei melhor não arriscar, virei de costas para proteger o Bernardo e deixei a onda quebrar nas minhas costas.

Era óbvio que eu ia cair. Não tinha dúvida de que o caldo seria inevitável e me preparei para ele. Não apavorei pois sabia que a onda era pequena e que duraria pouco. Tanto que não engoli nem um pingo d´agua nem fiquei cheia de areia no cabelo. Mas Duda, que a esta altura estava do meu lado com o Pedro do colo, me segurou e não me soltou, o que me deu deixou doida, pois lá embaixo não conseguia saber se ele tinha ficado em pé ou se estávamos os três (inclusive meu pequeno ser) rolando na onda. Se eu tivesse um garfo, Duda teria tomado uma espetada para me soltar e cuidar só do Pedro.

Ao levantar, dei um último mergulho contrariando a vontade do maridão para ajeitar a cabeleira e saímos da água. A cara do Duda e do Pedro era de pânico absoluto. Pedro bateu o nariz no ombro do Duda e estava sangrando.

Aparentemente tinha ficado tudo bem, pois não me lembrava de ter batido a barriga ou coisa assim, mas comecei a neurotizar se o pânico do Duda era porque ele tinha visto algo ruim acontecendo comigo e consequentemente com o bebê que eu não reparei por estar focada na integridade física do Pedro. E o Bernardo que até então estava agitado, parou de mexer. Em seguida, comecei a sentir muita cólica lateral. E não prestou.

Fui andando até em casa superpreocupada do Bernardo não estar bem. Pedro, fofo, não quis sair do meu lado. Chegando, tomei banho enquanto Duda ligou pra médica, que passou um remédio e repouso.

Bernardo voltou finalmente a chutar e, com isso, fui acalmando. O primeiro caldo da minha vida tinha que ser justamente grávida?


“Envelhecer é... desequilibrar na praia com marola”.

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