Pedro, como a maior parte das crianças e alguns adultos
(como eu!), tem pavor de agulha. Ele sempre chorou para tomar vacina, mas nada que
saísse do controle ou precisasse segurar. Apenas rolava um longo e sentido
choro.
Só que da última vez, eu não pude ir e parece que a coisa
mudou de figura. Duda disse que foi tanto drama, que ele ficou esgotado
emocionalmente. A crise foi tamanha que Pedro deu um tranco e a seringa voou
longe, machucou o braço, claro, e tiveram que repetir a dose.
Estávamos com a vacina da Meningite B atrasada pros meninos e
marquei de leva-los ontem. Super me preparei emocionalmente e psicologicamente
para enfrentar a grande batalha da minha vida.
Não contei nada para o Pedro até a hora de sair de casa. E
quando dei a notícia, foi horrível. Ele chorou muito e a carinha era de imenso
medo e apreensão, o que partiu meu coração e já deixou o pai destruído.
Fui arrumando o Pedro e conversando que vacina era importante,
que doía mesmo mas que era muito melhor do que a doença que ela evitava.
Principalmente esta vacina, que era de uma doença seríssima, que muitas vezes
nem tinha cura.
- “Mamãe, eu não quero ser valente. Eu nunca mais quero ser
valente.”
Descemos com ele chorando e assim continuou no carro.
- “Filho, você está sofrendo talvez sem necessidade. Você
nunca tomou esta vacina e não sabe como é. Eu acho que nem dói tanto, sabe por
que? Porque o Bernardo já tomou e ele só chorou na hora da picada. Sabe porque
nós choramos mais? Porque tem o medo envolvido. Bebês ainda não têm medo pois
não entendem. Então só choram quando realmente dói. E ele só chorou na picada. Depois parou. Então
acho que só doeu na picada mesmo. Por que você não relaxa um pouquinho?
Aí o choro parou e ele resolveu falar do caminho, ficou
feliz quando descobriu que era na galeria do Dr. Pediatra, mas logo fez a
conexão com a vacina da Hepatite B, da qual já contei aqui blog.
-“Mamãe, vou tomar vacina naquele lugar da moça que mente?
Eu não quero!”
(A enfermeira erradamente foi dizer para ele que não doía e
doeu. Ele ficou magoadíssimo por ela ter mentido e ele não ter se preparado.
Com razão!)
- “Amor, ela errou mas ela é legal. E a mamãe já te explicou
que vacina doí, não é? SEMPRE dói. Às vezes dói mais, às vezes menos. Da última
vez doeu muito porque você se mexeu. Se você ficar quietinho não vai doer
tanto. Vai ser uma dor pequena. Suportável. Mamãe tomou um monte de vacinas
quando o Bê estava na barriga. Umas nem doíam tanto mas teve uma que doeu de
chorar. Mas fica tranquilo que esta só menina toma. Menino nunca toma.” (emendei
logo que percebi que podia ter falado besteira)
Chegando no laboratório, ele pediu para o Bernardo tomar a
vacina primeiro (Bê ia tomar a segunda dose). Rezei muito para que o baby
reagisse bem, para encorajar o irmão.
Graças a Deus, Bernardo realmente só chorou na picada.
Depois só deu umas reclamadas com a enfermeira mas ganhou um biscoito maisena e
esqueceu o assunto.
Pedro entrou, sentou no meu colo, mas quis ele mesmo
levantar a blusa e assistir a tudo. Acho que ele ficou tão envolvido com a
situação que nem deu tempo de sentir dor. Não houve reclamação nem choro só um
reconfortante “mamãe, só incomodou um pouquinho”.
Ganhou um gelinho de premio e saiu feliz com sua conquista. Acho
que ele se surpreendeu com a própria reação positiva. Foi uma superação.
De lá quis ir visitar o Dr. Pediatra para contar de seu grande feito, mas ele não havia chegado ainda. Para não perder a viagem, pediu dois "palitinhos" à Edith e deu-se por satisfeito.
Meus dois amores |
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