Hermann tinha um temperamento muito alegre e era lapidário, cantor, músico, dançarino, pintor, caçador e contador de histórias, entre tantas outras atividades. Casou-se muito cedo com a vovó Jacy, quando tinha apenas 19 anos, mas sempre foi um galanteador. Também era muito vaidoso e, mesmo que não tivesse um tostão no bolso, colocava o seu melhor terno com colete e gravata e ia de táxi para o trabalho.
Um dia ele comprou um carro. Colocou a criançada toda no carro e foi passear pela cidade. Não tinha carteira e, lá pelas tantas, acabou batendo com o carro em um bonde. Ninguém se machucou, mas Manzinho ficou tão irritado que largou o carro por lá mesmo. E nunca mais foi buscar.
Ele gostava de inventar moda e todo ano pintava seu apartamento. Mas as paredes tinham sempre duas cores separadas por linhas retas que criavam formas geométricas. Tudo medido com régua e, cada ano diferente do outro. Empreendedor, uma vez, comprou um bar na cidade de Bom Jardim, no interior do estado do Rio de Janeiro. Ficou três meses lá e de repente apareceu em casa avisando "perdi tudo, não ganhei um tostão. Mas me diverti para valer!".
Batalhador, uma vez ficou desempregado por conta de uma crise no setor de lapidação. Não pensou duas vezes e correu para vender Coca-cola na praia. Alguns vizinhos o menosprezaram, mas vovó Jacy ficou cheio de orgulho em ver o seu marido batalhando honestamente para sustentar seus três filhos. Os netos continuam carregando este exemplo até hoje.
Uma das brincadeiras que minha mãe mais gosta de contar acontecia no domingo de manhã. Nestes dias Manzinho ficava até mais tarde na cama até que seus filhos decidiam ir acordá-lo. Era uma grande farra pois uns empurravam os outros para fora da cama. Nesta hora eram todos iguais, lutando para derrubar os outros da cama. Os três filhos se juntavam para empurrar Manzinho e muitas vezes todos caiam no chão.
Minha mãe escreveu este texto em Novembro de 2008 a pedido meu. Já li e reli várias vezes, mas confesso que a parte da brincadeira na cama é a minha favorita. Não só porque é divertida, mas porque me lembra da minha própria infância, quando eu, meu irmão e meus pais brincávamos exatamente do mesmo jeito. Quem sabe o Pedrinho, daqui a muitos anos, também não vai ler este mesmo texto e vai sorrir lembrando do dia em que derrubou seu pai da cama pela primeira vez?
Beijos do papai, neto do Manzinho.
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Manzinho é o jogador da direita. |
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Bigode bem feito, terno, sempre muito vaidoso. |
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Inauguração do salão da bisa Jacy, ao lado de Manzinho. Vovó Sonia é esta menina de vestido claro na foto. |
Oi,meninos,estou curtindo um dos melhores momentos da minha vida, que é ser Vó,e agora cedo abro o blog e vejo essa homenagem ao papai,fiquei super emocionada,obrigada por me fazer recordar bons momentos da minha infância.
ResponderExcluirMil beijos
Vovó Soninha