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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Disputas


Na sexta-feira retrasada cheguei bem mais tarde em casa porque fui fazer um curso. Cheguei achando que já não encontraria o Pedro acordado, o que sempre dá uma certa saudade e arrependimento, mas quando entrei em casa procurando pela Li, descobri que ela estava no quarto do moleque terminando de dar o mamá e tentando fazê-lo dormir.

Esta geralmente é a pior hora para chegar porque, apesar dele ainda não ter dormido, se aparecermos em cena ele irá despertar e logo depois começará a ficar enjoadinho de sono porque devia estar dormindo. Seu corpo já está cansado, a mente já estava quase desligando e ele acaba acordando novamente porque nos viu, o que não é legal. Então furtivamente dei uns passos para trás e não o deixei perceber que eu estava lá.

Aí é fogo porque a vontade é entrar gritando no quarto que "papaí chegou!!!" e fazendo um monte de gracinhas em busca de um sorriso que só o moleque sabe dar. Mas a responsabilidade nos obriga a recolher o carro alegórico e ficar quietinho na sala. Como a mamãe está lá dentro do quarto, a sala fica uma solidão sem ninguém para lhe contar as novidades do dia, que palavras novas ele disse, que gracinhas ele fez...

Como um prêmio de consolação, resolvi pegar a agenda da creche para dar uma lida. Geralmente as informações são bem básicas: chegou tal hora, foi embora tal hora, comeu tudo no almoço, dormiu, fez coco, comeu tudo no lanche e comeu tudo no jantar. Mas, às vezes, tem alguma novidade. Algo que aconteceu ou que acontecerá na creche, um evento, o anúncio de que novas fotos estão disponíveis, sei lá.

Neste dia tinha! Tinham informações sobre uma disputa de brinquedos que o Pedro entrou. Comecei a ler o texto que dizia que "em uma disputa por um lego o Pedro arranhou...". Quando li este primeiro trecho pensei, "ah, finalmente o moleque reagiu!". Depois de tantas mordidas, achei que ele finalmente havia revidado. Mas continuei lendo e percebi que ele tinha arranhado o próprio rosto. Imediatamente me senti um pai irresponsável, mentalmente instigando a violência. E além de não brincar com o moleque, não saber como ele estava, ainda fiquei na sala querendo muito ver e dar um beijinho no rosto arranhado dele... :-(


No final o arranhão nem tinha sido tão grande e mamãe me chamou para o quarto, já que ele não estava dormindo. Segurei sua mão, dei um beijinho no rosto e só então ele fechou os olhos, sossegou e dormiu.

Beijos do pai.

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