Deixei os dois na porta e fui procurar vaga, mas antes disso expliquei a ele que iria só estacionar o carro e voltaria. Ele ficou olhando com cara de desconfiado mas foi com a mamãe para a festa. Quando cheguei, remoendo a tal questão dele estar com sono e talvez mal-humorado, quase fui atropelado por uma manada enlouquecida de crianças correndo de um lado para o outro no play. As crianças eram lideradas por uma princesinha vestida de Emília (a aniversariante) e no final da fila vinha o menino mais novo, correndo, rindo e gritando. Era o Pedrinho. O nosso, não o do sítio.
Com o tempo percebi que as crianças mais velhas estavam brincando de pique-pega enquanto o Pedro, sem entender muito bem a regra, estava brincando de correr, gritar e empurrar as outras crianças enquanto gargalhava. Lá pelas tantas a brincadeira mudou para pique-parede, ou seja, se a criança estivesse com uma das mãos na parede, ela não poderia ser pega, estava impune. Vou explicar melhor para os leitores que tiveram sua infância na era video-game-televisão: é como se a criança tivesse vencido a prova do anjo no BBB e não pudesse ir para o paredão, certo?
Enfim, o pique-parede rolando e as crianças correndo de um lado para outro até que um dos meninos, que estava no papel de pegar os outros, viu-se praticamente sem opções. Todas as crianças estavam exercendo o seu direito de impunidade, menos uma. O Pedrinho. O menino bateu de leve no braço do Pedro e gritou "tá com vocêêêêêêêê" e correu para colocar a mão na parede. Pedro soltou uma mega gargalhada e começou a gritar "tá com você, tá com você, tá com você" batendo (de leve, porque era brincadeira) em todas as crianças.
O garoto tentou protestar e eu pensei em intervir para explicar que o Pedro era muito pequeno para entender as regras. Ele é "café-com-leite". Segurei meus impulsos e deixei a psicologia infantil resolver o impasse. Mas, antes que eu me desse conta, a brincadeira já tinha mudado para pique-arranca-o-rabo-da-cuca e todos estavam se divertindo novamente. Ficamos algumas horas deixando o moleque se esbaldar, mas olhando de perto para evitar que ele pulasse uma janela ou subisse nas grades do parapeito.
Só que precisávamos sair para ir a um casamento. Para que a festa do Pedro não fosse interrompida pedimos socorro ao titio e à didi que, mesmo tendo ingressos para o bloco de pré-carnaval Spanta Neném naquele dia, resolveram vendê-los para quebrar este galhão pra nós (Valeu Fê! Valeu Rê). Foi aí que tive uma conversa cheia de emoção com o moleque. Vida de pai é assim, emoções à mil, né? Foi mais ou menos assim:
- Pedro, papai e mamãe têm que sair porque vamos a um lugar só de adultos...
- Vocês vão embora? - misturando uma carinha de triste com surpreso.
- Nós vamos mas voltamos logo, nos encontraremos mais tarde em casa, tá? A didi e o titio vão continuar com você na festa tá?
- É?... - definitivamente com carinha de triste
- Sim filho, mas aqui está muito divertido não é?
Pedro ficou em silêncio e com a mesma carinha de triste lançou um olhar melancólico para o horizonte. Ficou alguns segundos assim e disse:
- Papai...
- Oi filho...
- Olha a lua - apontando para a lua que já estava começando a aparecer.
- É filho, a lua tá lá.
Aí ele se vira para mim, com um olhar que foi no fundo da minha alma e disse:
- Tchau papai...
É sinistro deixar o moleque assim. Mas fomos em frente e ainda tivemos momentos super emocionantes com o Renato narrando as tentativas da didi dar o antibiótico com o moleque dormindo. Mas esta história eu deixo para um outro post...
beijos do papai-duda.
Pedrinho e Emília |
Pique-pega-o-rabo-da-cuca |
Ameiiiiiiiiiiii! É a laurets claro, não o Pi assim meloso mas todos nós amamos! :) Clara escreve: fgyifky7iiopyittyjtf essas sao palavras de agradecimento da propria Clarinha! :)) amamos vcs!
ResponderExcluirDidi, Tio Rê e a Lua tomaram conta do nosso Pedrinho...
ResponderExcluirFiquei emocionada.Bjs