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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Visita ao Dr. Pediatra - parte 2

Então lá foi a Ligia sozinha buscar o Pedro na creche com seu super-trunfo na bolsa. Chegando lá a tia lhe contou que o Pedro ficou possesso quando ela foi colocar uma roupa diferente nele. Explico: como íamos ao pediatra a mamãe colocou uma roupa mais bonitinha na bolsa e pediu à tia que o deixasse pronto. Mas o Pedro é uma pessoinha de hábitos e reclamou bastante de colocar uma roupa diferente do uniforme da creche. Sei lá, talvez tenha passado por sua cabeçonazinha que aquilo era um sinal de que ninguém fosse buscá-lo ou que a tia fosse levá-lo para outro lugar.

Enfim, diante de tantos protestos a tia resolveu improvisar e falou para ele que a mamãe estava indo buscá-lo mais cedo para passear no shopping. Foi um improviso infeliz porque o moleque adora ir ao shopping e detesta ir ao médico. Para completar a fantasia, eu telefonei para a Ligia depois que o Pedro já estava no carro e ela me disse, ao telefone, que estacionaria na lateral de um shopping, para eu encontrá-la lá. Pronto, quando eu cheguei o Pedro estava felizão e a primeira coisa que ele me disse foi:

"Papaaaai, papaaaaaai. Não quero ir ao tio Felipe, vamos no shopping lateral!".

Aí quem teve que improvisar fui eu: "Isso filho, vamos no tio Felipe entrando pelo Shopping Lateral" que, no caso, é como acabamos de batizar a galeria onde entramos para chegar ao consultório do Dr. Pediatra. Em momentos como esse o Pedro vira uma matraca e não pára de falar. Quando entramos no elevador, junto entrou uma menina um pouco mais velha e o Pedro peguntou em voz alta "a amiga também vai para o tio Felipe? Eu não vou, eu vou ao shopping lateral". Todos riram e a amiga não foi para o tio Felipe, mas o Pedro foi.

Chegando no consultório o moleque percebeu que não tinha jeito e ficou mais conformado. Mas eu juro que o vi bufando e resmungando algumas vezes. Tipo "eu não quero entrar...", "mas tem que entrar filho", "ai... humpf!". Na sala de espera ele se entregou aos brinquedos, mas ficou atento a qualquer barulho que pudesse ser o tio Felipe chamando para o consultório. Na hora H ele até que se comportou direitinho, entrou sem chorar no consultório, deu "oi" para o tio Felipe e a tia Mariana e ficou falando sem parar enquanto tentávamos conversar com o médico.

Na hora de pesar e medir, uma novidade para ele. Desta vez ele usaria a balança de adulto ao invés da balança que vinha usando desde que nasceu. Se achando, portanto, um adulto ele quis tirar a roupa toda sozinho, sem ajuda de ninguém. Da mesma forma, quando ele foi subir na balança e a Dra. Mariana tentou ajudar ele olhou de cara amarrada e disse, sem nenhuma delicadeza, "não, não, não, você não me ajuda não. Eu vou sozinho". Apesar de um certo constrangimento dos pais, tudo ia bem.

Até que ele precisou subir na maca e deitar para começar o exame. Nesta hora todo o seu auto-controle foi para o espaço e ele começou a chorar e dizer "eu não quero, eu não quero papai, eu não quero mamãe, eu não queeeeeeeeeerooooooooo". Tá Pedro, a gente já tinha entendido isso, mas não tem jeito meu filho, tem que ser examinado e, afinal, não era nada que machucasse. Mas o moleque chorou e ficou repetindo o "eu não quero" incessantemente até o final do exame.

Quando saiu da maca ficou novamente de cara amarrada, mas parou de chorar e deu até um beijinho de despedida nos dois médicos. Já tinha praticamente virado amigo do Dr. Pediatra, mas mesmo assim não o suficiente para lhe dar um biscoito que ele pediu. Enfim, o balanço final foi que houve choro mas não foi nenhum escândalo desproporcional.

Mas foi aí que veio a parte mais emocionante para nós. Quando voltamos para a sala de espera e enquanto papai estava pagando a consulta (confesso que nesta hora foi eu quem quase começou a chorar alto e gritar "não, não, eu não quero, eu não queeeeeeeeeerooooooooo". Mas mantive o auto-controle e aquela cara de que acha a coisa mais normal do mundo gastar o valor das compras de mês em meia hora de consulta). Enfim, voltando ao assunto... na sala de espera a Ligia tirou o super-trunfo da bolsa e entregou o boneco de pelúcia do George para o Pedro.

Ele adorou, abriu um sorrisão e disse "É o George! Tem um dinossauro!". Mas aí ele parou, pensou, colocou o boneco sobre a mesa e disse "mas mamãe... eu chorei...". Tipo, o presente era só se eu não chorasse, mas eu não consegui, eu chorei... Nem preciso dizer que neste momento a Ligia derreteu e escorreu por debaixo da porta, querendo morrer e enterrar a cabeça debaixo da terra, né?

É, o moleque já está virando um adulto mesmo... e nós tentamos explicar que, mesmo chorando, ele se comportou muito bem dentro do possível, por isso merecia o presente.

Beijos do papai-duda.


Um comentário:

  1. Esse é o meu moleque!!!
    Os dois post estão ótimos, chorei nos dois.
    Bjs da vovó super orgulhosa.

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