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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Escalador

É muito bom quando temos a chance de deixar a curiosidade da criança solta e vê-la interagindo com um ambiente que não está acostumada e cheio de novidades. Acredito que a criança seja uma esponjinha vivendo constantemente novas sensações e tendo contato com novas e interessantíssimas informações. Quando eles são bem pequenos, tudo é novidade. Como deve ser interessante e curioso ver uma formiga pela primeira vez! Caminhar na terra ou segurar um punhado de areia... ouvir um pássaro cantando... provar o doce, o salgado, o amargo...

Com o tempo a criança continua curiosa, mas nem tudo é novidade. A primeira vez que o Pedro viu o peixe de bocão no Jardim Botânico ele ficou impressionadíssimo. Agora ele ainda curte bastante, mas beleza, parece que não tem nada a mais para descobrir sobre o tal peixe de bocão. Até que um dia ele descobre algo novo, é claro.

Mas, sem alongar tanto, acho que uma das melhores coisas que podemos fazer pela educação de nossos filhos é proporcionar, sempre que possível, este encontro com o novo. Deixá-lo explorar, olhar o chão, tocar em coisas novas. Tá bom que não precisa colocar cocô de passarinho na boca, tem um limite é claro. Mas quanto menos limite for possível e (razoavelmente) seguro, melhor.

Então, pensando nisso, convidei o Pedro pela primeira vez para subir o morro que fica atrás da casa em Terê. Pedro já havia subido algumas vezes até o canil, mas nunca tinha passado dali. Provavelmente nunca nem tinha notado que havia mundo após o canil. Mas desta vez eu perguntei se ele não queria subir mais e ele, claro, adorou a ideia.

Foi ótimo porque ele foi olhando tudo e perguntando um monte de coisas. Volta e meia ele soltava uma interjeição de "Hã, o que é isso?!" e abaixava com a cara bem pertinho do chão para olhar uma folha diferente, uma formiga com asas, um pedaço de galho no chão ou um "abacaxi criança" nascendo no meio de "folhas que espetam". Mamãe foi junto e estava preocupada com cobras (tenho certeza que a vovó Sonia, por exemplo, está com vontade de me interditar enquanto lê este post...) mas o Pedro logo disse "não tem problema" e foi subindo com suas botas até onde não dava mais, porque começava a mata fechada.

No final, quando já estava bem lá em cima, de repente ele vira-se e começa a descer o morrão correndo em disparada. Neste momento eu saltei com a agilidade de um elefante descendo uma escada, mas consegui segurar seu braço antes que a corrida virasse cambalhota e a cambalhota virasse sobrevoo. E é nessas horas que eles soltam as pérolas que fazem o susto valer a pena...

Pai: Calma Pedro, calma! Assim você vai cair e se machucar!
Filho: Peraí papai, não tem problema, porque eu sou um escalador!

Beijos do papai-duda

Não foi só o morro que o Pedro resolveu escalar.

Acho que ele sabia que o vasco ia subir
e resolveu subir também...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Com os dindos é mais legal 2

Outra coisa engraçada que acontece quando estamos acompanhados dos dindos é que o Pedro quer aproveitar para fazer coisas com eles. Só com eles, sem papai e mamãe. Sempre ouvimos frases do tipo "você fica" ou "vai lá" (apontando para bem longe) porque ele está com didi e titio ou dindo e tia Mari.

O engraçado é que, muitas vezes, são coisas legais. Tipo brincar no quarto ou passear por algum lugar. Outras vezes são experiência inéditas e inesquecíveis para os dindos como tomar banho, fazer coco ou xixi! E os dindos vão felizes, mas sem a menor experiência.

Domingo passado, por exemplo, Pedro estava se negando a ir fazer xixi antes de sair do restaurante. Sabíamos que isso significaria cueca molhada logo que entrasse no carro. "Insistimos" e eu estava quase passando para o "obrigamos" quando ele olhou para o dindo e disse que queria ir com ele.

Dindo foi, mas pediu socorro com os olhos e eu decidi ir junto. Chegando no banheiro, que era minúsculo, Pedro quase esbarrou em um cliente que estava usando o mictório. Mas indiquei ao dindo que a melhor opção era mesmo a cabine, para o Pedro fazer xixi em pé, mas no vaso sanitário.

Daí para frente eu fiquei dando as instruções em voz alta enquanto ele ia "manejando" o afilhado no ato. Pedro não emitiu um som, não disse uma palavra. Então só eu e o dindo ficamos dialogando e eu imaginei o que uma pessoa fora do banheiro, sem saber que havia uma criança envolvida na operação, iria pensar...

dindo: "E agora Duda?"
papai: "Abre a calça e abaixa até o final da perna..."
dindo: "Peraí, tô abrindo..."
papai: "Isso, encosta no vaso para não pingar nas pernas... segura o pinto para o xixi não sair desgovernado!"
dindo: "Opa, tá na mão..."
papai: "Quando acabar passa o papel, sobre a calça e vem lavar as mãos..."

Beijos do papai-que-passa-por-cada-uma...

Vou ligar pro dindo vir aqui fazer xixi comigo...

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Com os dindos é mais legal

Pedro adora e curte bastante seus dindos, o que significa que fizemos uma boa escolha. Sempre que ele tem oportunidade, nos demonstra isso. No final de semana retrasado, por exemplo, ele ficou mega chateado porque achamos que encontraríamos a didi e o titio mas, por uma falha de planejamento, acabou furando.

No domingo a noite, na hora de dormir, ele falou "Ué, não vi a didi. Quero ir na casa da didi!". Explicamos que estava muito tarde, mas que outro dia iríamos. A semana ficou tumultuada porque o Pedro ficou gripado e com bronquite, mas no meio da semana, também na hora de dormir, ele perguntou "no sábado vamos visitar a didi?".

No sábado não visitamos a didi, ficamos em casa para completar a recuperação do guri e recebemos a Clarinha, que brincou à beça com o nosso pepê. Mas no domingo didi e titio foram lá em casa divertir (e se divertir com) o Pedro. Depois fomos almoçar com o o dindo e a tia Mari (vovô e vovó foram também). Mas, antes de sairmos para o almoço aconteceu algo inusitado.

Pedro estava assistindo Recue Bots, já pronto, enquanto esperava mamãe e papai terminarem de se arrumar. Quando acabou o episódio que ele estava vendo, como de costume, disse que queria ver mais um, "o último". Prevendo uma extensa negociação, falei que poderíamos ver na volta porque estava na hora de ver o dindo e a tia Mari. Ele simplesmente respondeu "tá bom", desceu da cama e saiu.

Este é o poder de atração dos dindos atuando.

Beijos, papai-duda


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Quem decide

É sempre importante ter pelo menos uma pessoa de decisão em casa. Lares desprovidos deste tomador de decisões não evoluem, não vão para frente e não saem do lugar. Lá em casa não temos este problema. Ou melhor, não temos mais este problema. No final de semana passado, por exemplo, fomos dormir na sexta-feira certos de que iríamos viajar para a serra. O plano estava claro: acordamos cedo (como sempre, desde que o pequeno chegou em nossas vidas), arrumamos tudo rapidinho e partimos para a serra.

Quando acordamos, parafraseando nosso guri, "estava um dia lindo"! A Li foi a primeira a fraquejar. Aquele sol todo nos chamava para a praia, o que faríamos na serra?! Posso quase jurar que ela começou a sentir cócegas pelo corpo, como se fosse uma alergia chegando. De repente a vejo telefonando para a central de reservas de um hotel na praia. A resposta que recebeu do vigia que atendeu ao telefone àquela hora da madrugada foi que ela deveria ligar mais tarde, depois das 8:00h (sim, isso tudo antes das 8:00h da manhã!!!).

Então começou a saga. "Vamos para a serra?", "vamos para a costa verde?", "vamos à praia aqui no Rio?", "vamos à praia em uma cidade próxima chamada Barra da Tijuca?". Confesso que também não tinha uma decisão formada na minha cabeça. Para falar a verdade, todas as opções estavam me dando preguiça àquela hora da manhã.

Comecei a arrumar a minha mala para a serra enquanto via a Ligia digitava freneticamente no celular. Não sei bem se ela estava pesquisando o Clima Tempo, trocando WhatsApp com São Pedro ou jogando dados virtuais para ajudar na decisão ("vou jogar o dado, se der ímpar vou para a serra. Se der par vou para a praia... 1,2,3 e... ímpar... vou jogar de novo... par... ok, melhor de três!"). No meio da minha arrumação troquei o foco para hotel na praia. Voltei para serra. Guardei tudo e peguei a sunga e o chinelo para ir à praia. Tirei tudo do armário novamente...

No meio disso tudo o Pedro estava calmamente assistindo "a uma televisão". Ele deve ter assistido um episódio de Rescue Bots, depois escolheu sozinho, sem pestanejar, um episódio de Ninja Go. Totalmente alheio aos nossos devaneios, ele curtia o seu momento. Até que nossa cabeça já estava quase explodindo de indecisão e resolvemos recorrer ao oráculo: "Pedro, onde você quer ir, serra ou praia?".

"Praia". Levantou-se e foi para o quarto escolher uma sunga. Simples assim.

Beijos do papai-duda

O moleque adora praia!

Nós também...


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Tiradas

Haja concentração quando temos que brigar com o Pedro. As respostas e intervenções durante o debate de qualquer questão estão muito engraçadas.

Papai: “Pedro, hora de fazer xixi”
Pedro: “Não estou com a vontade”
Papai: “Claro que está, Pedro”
Pedro: “Ah, tá bom”
Papai vai pegá-lo no colo para levar ao banheiro..
Pedro: “Papai, olha, tenho pernas. Vamos tentar de novo.”

Mamãe: “Pedro, não acredito que você fez isso. Isso é maldade. Mamãe acabou de arrumar tudo. Estou cansada, filho. Fiquei triste.”
Pedro: “Eu também estou triste.”
Mamãe: “E por qual motivo?”
Pedro: “Porque você está falando assim comigo”
Mamãe: “Mas você fez bobeira com a mamãe, filho. Foi te deixar um segundo sozinho e você vira todos os cestos de brinquedo no chão, sabendo que já é hora de dormir.”
Pedro: “Viu, você continua falando assim comigo. Não posso ficar feliz.”

Mamãe: “Pedro, quem te deu estes presentes?”
Pedro: “Vovô”
Mamãe: “Não estamos no Natal ainda... vou colocar este vovô de castigo.”
Pedro: “Não vai não”
Mamãe: “Vou sim”
Pedro: “Não vai não, ele é meu vovozinho querido.”


E esta doce criaturinha só tem 3 anos! Nem posso imaginar o que me espera J


"Pedro, senta aqui no chão pra brincar."
"Tô muito cansado pra isso, mamãe".

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A sinceridade infantil

Em um destes dias que o Pedro ficou doente e não foi para a escola, mamãe me pediu para comprar um presente para ele antes de voltar para casa. Passei em sua loja favorita e comprei uma massinha de modelar. Só que eu comprei aquelas massinhas que vêm com acessórios e que ele pode fazer massinha de várias formas (acho que chama-se fábrica mágica ou algo parecido). Depois de muito se divertir com a massinha, Pedro resolveu levá-la para o banho para ver o que acontecia no chuveiro.

Apesar de não ter certeza do que aconteceria, tinha uma vaga suspeita de que isso estragaria o material. Mas, como acho importante dar asas à curiosidade do moleque (e à minha também), não o impedi de levar. Conclusão: a massa ficou melecada e foi parar no lixo. Alguns dias depois eu fui a uma papelaria comprar algumas coisas para o escritório e dei de cara com massinhas vendidas de forma "avulsa", ou seja, sem os acessórios mágico-fantásticos que encarecem o produto. Resolvi levar uma para o Pedro.

Quando cheguei em casa, depois de fazer festa e brincar um pouco com ele, lembrei da tal massinha e falei:

Pai: Ah Pedro, eu comprei uma coisa para você hoje!
Filho: É presente?

Pai: É filho. Mais ou menos. Comprei uma massinha já que a sua estragou.
Filho: Êba! Onde está? É do McQueen? (estava se referindo ao Relâmpago McQueen, o carro vermelho personagem principal do filme "Carros", da Disney).

Pai: Não filho, é só a massinha mesmo. Para você poder brincar com a sua fábrica!

Neste momento eu já estava falando com uma voz meio exaltada, ligeiramente estridente e totalmente ridícula, pois já tinha percebido a cara de decepção do moleque. Mesmo tentando compensar com o tom e o jeito de falar, Pedro nitidamente murchou ao ver o potinho de massa sozinho...

Filho: Ah, só a massinha?...

Aí neste momento ele pega o potinho da minha mão e, com aquela cara que as crianças fazem quando ganham uma cueca amarela na véspera de Natal, correu para a mãe dizendo "Mamãe, mamãe, olha o que o papai comprou. Foi só a massinha. Ahhhhhh...". E se vocês acham que parou por aqui? No dia seguinte, logo que acordou e fomos brincar em seu quarto, ele olhou no fundo dos meus olhos e disse serenamente: "papai, foi só a massinha"...

Beijos do papai-que-já-deu-presentes-mais-impressionantes