Páginas

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Tiradas do primogênito

O Pedro está muito figura! Ele está crescendo e as tiradas evoluindo. Vou contar algumas delas que ficaram marcadas.

Fomos encontrar uma amiga do Pedro que veio morar no Brasil novamente e, quando estávamos voltando para casa, já tarde, fui preparando o terreno para não ter lenha na hora de dormir e falei que teríamos que tomar banho, escovar dente e ir direto para a cama para não perder a natação no dia seguinte. Resposta: “Ai, mamãe, eu não consigo ficar sossegado.”

Recebemos um convite da Escola Parque para participar da Feira de Ciências e poder apresentar a escola ao Pedro de uma forma mais dinâmica e divertida. Ele ficou apreensivo quando chegou, mas logo se deslumbrou com o espaço e o próprio evento e disse que tinha adorado o lugar. Aproveitei para perguntar se ele gostaria de estudar ali e quase morri de rir com o “mamãe, só estudando aqui para saber”.

Tínhamos marcado de encontrar um amigo da escola que foi morar em BH, acabei me atrasando e Pedro chegaria mais tarde que as outras crianças, o que o deixou indócil. Vovó Beth estava em nossa casa e ofereceu de levar o pequeno, graças a Deus. No caminho ela perguntou de quem era a festa e Pedro logo retrucou “Vovó, encontro é festa? Você não sabe que festa é diferente de encontro?”.

Minha mãe estava com os meninos para eu sair com o Duda à noite e tentando convencer o Pedro de não nos esperar e ir dormir. Ele explicou bem bonitinho para ela “queria ver papai e mamãe chegarem e quando fecho meus olhinhos, não sei mais de nada”.

Estava precisando que Pedro ficasse paradinho para eu cuidar dele e falei “filho, por favor, sossega um pouco, mamãe precisa de você paradinho”. “Mamãe, eu estou fazendo o melhor que consigo”.

Há algum tempo venho dizendo para o Pedro que ele tem que dormir na cama dele a noite toda, que ele tem que começar a dormir sozinho para crescer e se tornar um rapaz independente. Cheguei a falar que quando ele fizesse 6 anos, estaria na hora de darmos este passo e ele negociou quando o próximo amigo da escola fizesse seis anos, o que caiu na véspera da nossa viagem e deixamos para volta. A esta altura, dois amigos já fizeram 6 anos e resolvi cobrar a promessa. Ele ficou cabisbaixo e Duda resolveu dar um passo de cada vez, colocando ele para dormir, já que na madrugada, ele não iria para a nossa cama. Eis que se estabeleceu –se o seguinte diálogo:
- “Papai, você acha que esta é uma noite divertida?”
- “Sim, filho. É uma noite feliz, estamos todos juntos aqui...”
- “Pra mim não, pra mim é a mais pior de todas as noites”


Tem que se concentrar muuuuito para não rir!

"Mamãe, não quero ir para a festa com a blusa
fechada na barriga. Quero uma blusa dentro
desta blusa aberta"

terça-feira, 13 de junho de 2017

A volta para casa

Não é novidade que eu tenho medo de avião e, com isso, o dia de voltar para casa é sempre de muita tensão. E, por isto, o grande problema desta viagem sem as crianças não era a saudade (embora eu tivesse certeza de que em alguns momentos ela bateria mais forte) mas o medo de não retornar. Me senti egoísta com a possibilidade de meus filhos crescerem sem mãe. Afinal, eu escolhi arriscar. Eu comprei a passagem, eu viajei sem eles. Ninguém me obrigou. Talvez louco? Sim. Provavelmente. 

Ouvi vários ótimos argumentos que poderiam derrubar minha culpa, mas medo é medo e a tentativa de racionalização só me levava a mesma conclusão. Duda falou que eu poderia morrer na esquina de casa. Fato. Mas eu não teria pago por isto, entende? Minha irmã foi mais tapa na cara: "então você está dizendo que preferia que eles estivessem no avião com você e morresse tudo mundo junto?" Claro que não! 

Este drama tomou proporções exponenciais quando descobri que Pedro tinha dito que o que ele mais queria era abrir os olhinhos e ter o pai e a mãe em casa. 

Por questões de economia, optamos por 2 escalas. Na sexta, chegamos com 3h de antecedência no aeroporto e encontramos a maior fila para os tempos atuais, onde isto não é mais visto, graças ao check-in online. Notamos que as moças do balcão estavam fazendo figuração e nada acontecia. A maquininha não mostrava nossa companhia aérea, confirmação de que, de fato, o vôo estava com problemas. Fiquei na enorme fila, enquanto meu santo marido foi conversar seriamente com senhora tecnologia, que deve ter dado ouvidos ao desespero dele e resolveu conceder, sabe-se Deus como, 2 ingressos para nosso vôo. Semi-alívio, pois ainda teríamos que despachar as malas naquela mesma fila tenebrosa. Enfim, tudo deu certo. Algumas pessoas não embarcaram, infelizmente, mas nós não fomos duas delas. 

O segundo vôo não foi mais piedoso comigo que o primeiro. Estranhei seriamente os comissários estarem tão preocupados com a saída de emergência e as máscaras de oxigênio. Perto do momento do pouso, o comandante avisou que o aeroporto estava fechado por conta de uma tempestade e teríamos que aguardar a liberação no ar. Início da taquicardia, que logo melhorou com a surpreendente autorização de pouso. Avião quase no chão e, de repente, nos transformamos num foguete em direção à lua. PQP! As lágrimas foram automáticas. Tudo se encaixou! Realmente eles sabiam de prováveis problemas antes de decolarmos. Pedi ao Duda que chamasse a aeromoça pois queria ouvi-la dizer, olhando dentro dos meus olhinhos, que eu veria meus filhos novamente. Sério, o Duda devia ser canonizado! Ele ainda faz o que eu peço! Mesmo que seja este tipo de pedido. 

Pousamos sãos e salvos em uma pista à leste do aeroporto, às 22h10, e tínhamos que ter feito a conexão para o Brasil às 21h30. No entanto, nosso avião ainda estava em terra e havia uma chance. Corremos mais que nunca em nossas vidas. Por algumas vezes pensei em desistir, cheguei a falar para o Duda não olhar para trás e ir sem mim, mas logo eu pensava nas crianças e o gás vinha, somado a gritos de incentivo "corram! o avião vai sair! vocês têm que correr!" Finalmente alcançamos o embarque, que estava aberto, e caí em prantos. Exaustão misturada com a emoção da vitória de ter cruzado a fita vermelha. O rapaz que estava na porta pediu para que eu me acalmasse e respirasse. Sério, o Duda devia ser canonizado!

Perdi 10 dias de pleno prazer e descanso em algumas horas, mas valeu cada segundo quando entrei em casa e tinha um gordinho bochechudo que não cabia em si de tanta felicidade e meu magrela dengoso ainda dormia e quando abriu os olhinhos, viu o papai e a mamãe dele de volta. 


Enfim, nós!

Fê disse que Pedro ficou bem caidinho com nossa ausência.
Acho que recuperou!

Amo estes selfies!








terça-feira, 6 de junho de 2017

Islândia 4

Guffufoss pertinho da nossa casa. 

Aliás, não fosse este frio inexplicável, aqui seria um bom lugar
para se viver. Ou talvez se o frio não fosse neste nível o lugar
já não seria tão bom para se viver....  
Antigo mosteiro, hoje ex-casa de um famoso escritor islandês,
que se mudou e doou a propriedade para o povo. Hoje funciona
como museu.


Aprendemos algumas coisas legais com a moça que cuidava do
museu. Perguntei sofre elfos e ela disse que o povo islandês
hoje diz que não acredita nestas criaturas misticas, mas que
por exemplo o governo é capaz de desviar uma estrada do projeto
original se achar que vai passar por alguma terra sagrada dos elfos.
Nenhum islandês sobre hipótese alguma lança pedras, pois pode
acidentalmente atingir um elfo, já que não se pode vê-los.
 
E há um pouco disto em relação a trolls também.
Este é um tronco com as marcas de um night troll. 

Os trolls islandeses são diferentes dos finlandeses.
Os trolls finlandeses são pequenos, fofos e
vivem nas florestas. 

Os islandeses se dividem em 3 grupos: 1) night trolls,
que são enormes, perigosos, vivem em cavernas subterrâneas
e viram pedra com a luz solar; 2) os day trolls, que são menores
que os night trolls, saem à luz do dia, mas são desengonçados
e pouco amigáveis, embora possam ser gentis com pessoas que
eles considerem que fizeram algum bem a eles; 3) e os trolls híbridos,
que são fruto da relação de um troll com um humano. São quase
do tamanho dos humanos e normalmente amigáveis. 

Bem perto deste museu que visitamos, tem o centro de visitantes
do leste. É lindo. Arquitetura moderna, mas harmônica com o ambiente.

Partimos para fazer uma trilha para Hengifoss. No caminho vimos
a Litlanesfoss. Menor, mas em um cenário tão bonito quanto
ao do destino final.  
Sempre nos sentimos tão pequenos mas tão em paz...


Foi mais de uma hora de caminhada por paisagens realmente incríveis.

De cada ponto, uma visão diferente, uma imagem única.

É engraçado pois em toda trilha há pontos de descanso (tipo
este banco no meio do nada) e muitas portas,
como se tivéssemos avançando de nível. 

E finalmente de volta pra "casa".

Resolvemos dar um passeio pela cidade, se é que se pode chamar
algo tão pequeno de cidade, que é uma graça!

Mas o frio é difu e não dá para ficar muito tempo ao ar livre
sem estar se exercitando.

Hora de cozinhar. A Islândia é cara em um nível que eu não
imaginava. Mesmo fazendo compras no mercado é bem
complicado. Exemplos básicos: um guardanapo comum - 3 euros,
uma caixa de suco - 4 euros, um saquinho com 4 pães de leite
 pequenos - 4 euros, queijo mais barato que achei - 3 euros.
Uma garrafa pequena de azeite - 6 euros. potinho de iogurte - 2,5 euros
Agora multiplica por 4? 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Islândia 3



The Black Sand Beach. Realmente um escândalo da natureza.
Até para os moradores deve ser algo mágico pois havia um casal
fazendo fotos pré-nupciais aqui. Casal com garra! 

Olha esta formação rochosa


Neste dia, tivemos ventos de 26km/h. Você via a onda brigando
com ele para conseguir estourar na areia e foi um espetáculo a parte.


São ondas que vêm direto da Antártida. 
Não há nada no caminho delas até aqui. 

Nesta praia existem algumas cavernas como esta. São
grandes, Duda está bem no fundo. 

Finalmente, o único local na Islândia permitido para "empilhar
pedrinhas". Na tradição islandesa, dá sorte. Os viking usavam estas
formações em maior escala para demarcar seus territórios. 


O excesso de frio não permitiu nada além disto parar nós.
De qualquer forma, acho que já tenho MUITA sorte na vida!

Este cenário lembra um pouco a Noruega.

Mais uma vista incrível da estrada. Tivemos que parar
para fotografar esta geleira. 

Eita deslocamento maravilhoso!

E não vou cansar de repetir. Você está lindo e formoso no carro,
rumo ao destino, e para a cada cinco minutos. O caminho
revela muitas surpresas. É bom demais. 

Nosso caminho era aquela ponte ali. Nem subimos.
Já desviamos para muitas e muitas fotos!

Muitos icebergs vagando neste lago. Já tivemos esta incrível
experiência na Argentina, mas a diferença é sempre a questão de
que você tem que pagar para estar em um lugar assim. Normalmente
faz parte de uma reserva ambiental, já que em locais mais povoados, tais
reservas são fundamentais para a conservação. Na Islândia, eles
estão ao alcance de uma caminhada curta ou uma parada na
estrada. Aqui, além do povo ser em número pequeníssimo,

 é fissurado pelo respeito à natureza. 

Eles só tomam água da bica pois é pura, limpa. Eles acham
que a água engarrafada não é tão fresca, afinal, está ali há dias.  



Paz, muita paz.

Esta é a entrada da fazenda Hali, onde passamos uma noite
no meio do nada com coisa nenhuma.

Quase passamos desta sem ver. Demos ré na estrada. 

Veja isso!

Estas pedras foram lançadas durante alguma erupção vulcânica
e ainda estão aí.

Conforme fomos avançando para o leste do país, a paisagem
foi ficando mais verde, menos árida. De repente, chegamos
neste trecho cheio de neve. E foi de repente mesmo,
pois saímos de um longo período de fog, aqui . 

Parecia a entrada do céu. Um mar de branco sem fim...

Dá vontade de sentar e ficar. Mas a temperatura de fato não permite.
E chegamos em Seydisfjordur. Uma cidade à beira de um fiorde.
Também não tem mais que 800 habitantes. Na rua onde moramos
tem bem mais que isso.  



O dono da casa que alugamos veio nos receber (de camiseta!)
e explicou que na Islândia ninguém entra em casa de sapato.
Deixam sapatos e casacos no hall de entrada, que inclusive
é separada do resto da casa por uma outra porta.

Café da manhã na nossa casinha linda, charmosa e aconchegante!
O sol nesta noite, não se pôs.

E esta é a vista da janela da sala :-)

sábado, 3 de junho de 2017

Islândia 2

Esta paisagem na estrada muda a cada segundo.

Vimos uma praia de areia preta no caminho e, claro,
paramos para curtir.

Frio da vida mas dia lindo. Coisa raríssima por aqui.

Registro para a posteridade.

Seljalandsfoss. A primeira de muitas
que vimos  pela frente. 

Esta é vizinha, você anda poucos metros até chegar,
 mas não menos interessante. Tivemos a nítida sensação
de que as pedras racharam pois notem como o encaixe é
perfeito. Parecem 2 peças de quebra cabeça. 

Os islandeses acreditam que aqui moravam
Elfos. Confesso que acredito também. Lugar mágico!

De volta a Seljalandsfoss. Ela recebe as águas
do Eyjafjallajökull, vulcão que entrou em erupção em 2010.

Subindo a montanha para uma vista de tirar
o fôlego. Lá em cima tem muitas cavernas.
Pausa para o almoço em um restaurante chamado Gamla Fjoid.
Significa "Old Cowhouse" e de fato era um celeiro onde
os proprietários criavam as vacas inicialmente. Eu comi um
hamburger e Duda um sanduba, ambos deliciosos e feitos
com carne de vaca local :-O

Em frente ao Eyjafjallajökull, aquele vulcão que entrou em erupção
em 14 de abril de 2010, fechando o espaço aéreo do Atlântico Norte.
A explosão jogou cristais de vidro (reação química causada pelo
encontro da tefra com o ar) na atmosfera, o que era extremamente
perigoso para os aviões. O vulcão ficou em erupção constante até
20 de maio. Aquela fazenda no pé do vulcão foi atingida, ninguém
morreu e eles continuaram vivendo ali durante este período,
mas tiveram que sair por 3 vezes.Esta história vale um post. 

Na estrada, vimos várias construções em pedras.
Esta era particularmente gigante.

Depois descobrimos que existem muitas espalhadas pelo país e
que antigamente as pessoas viviam nestas casas.
Normalmente embaixo ficavam as vacas e, em cima, a casa em si.

Skogafoss. Para mim, até agora, a mais impressionante
de todas. Não é a maior, não é a mais volumosa, mas
me emocionei demais quando cheguei perto. 

Sensação de paz e ao mesmo tempo parecia uma demonstração
de imensa força. O vapor d´água, os arco-íris, aquele barulho
quase ensurdecedor da queda e eu ali, pertinho, praticamente só.

Na trilha que levava ao topo da Skogafoss.

E lá chegamos. Que visual. Que vontade de bater
no meu marido que adora inventar moda!

Olha que coisa mais linda!

E nenhuma foto retrata de fato a realidade.

Vontade de voar!

Descendo, feliz feliz.

Aqui, uma península com farol de onde temos uma vista linda
da Black Sand Beach e do Dyrhólaey Arch.

Mais um visu de tirar o fôlego. 

Amanhã estaremos lá embaixo. 

Areia negra formada por solo vulcânico.

O vento aqui em cima era impressionante.

Lá trás o arco cujo nome significa algo como
"ilha de penhascos com o buraco-porta".

Estão vendo aquela pedra perto do arco?
Dizem que era um troll que foi pego pela luz do sol.
Será?

Logo após a Black Sand Beach está Vík,
uma grande cidade (~300 habitantes),
onde passamos a noite.