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terça-feira, 13 de junho de 2017

A volta para casa

Não é novidade que eu tenho medo de avião e, com isso, o dia de voltar para casa é sempre de muita tensão. E, por isto, o grande problema desta viagem sem as crianças não era a saudade (embora eu tivesse certeza de que em alguns momentos ela bateria mais forte) mas o medo de não retornar. Me senti egoísta com a possibilidade de meus filhos crescerem sem mãe. Afinal, eu escolhi arriscar. Eu comprei a passagem, eu viajei sem eles. Ninguém me obrigou. Talvez louco? Sim. Provavelmente. 

Ouvi vários ótimos argumentos que poderiam derrubar minha culpa, mas medo é medo e a tentativa de racionalização só me levava a mesma conclusão. Duda falou que eu poderia morrer na esquina de casa. Fato. Mas eu não teria pago por isto, entende? Minha irmã foi mais tapa na cara: "então você está dizendo que preferia que eles estivessem no avião com você e morresse tudo mundo junto?" Claro que não! 

Este drama tomou proporções exponenciais quando descobri que Pedro tinha dito que o que ele mais queria era abrir os olhinhos e ter o pai e a mãe em casa. 

Por questões de economia, optamos por 2 escalas. Na sexta, chegamos com 3h de antecedência no aeroporto e encontramos a maior fila para os tempos atuais, onde isto não é mais visto, graças ao check-in online. Notamos que as moças do balcão estavam fazendo figuração e nada acontecia. A maquininha não mostrava nossa companhia aérea, confirmação de que, de fato, o vôo estava com problemas. Fiquei na enorme fila, enquanto meu santo marido foi conversar seriamente com senhora tecnologia, que deve ter dado ouvidos ao desespero dele e resolveu conceder, sabe-se Deus como, 2 ingressos para nosso vôo. Semi-alívio, pois ainda teríamos que despachar as malas naquela mesma fila tenebrosa. Enfim, tudo deu certo. Algumas pessoas não embarcaram, infelizmente, mas nós não fomos duas delas. 

O segundo vôo não foi mais piedoso comigo que o primeiro. Estranhei seriamente os comissários estarem tão preocupados com a saída de emergência e as máscaras de oxigênio. Perto do momento do pouso, o comandante avisou que o aeroporto estava fechado por conta de uma tempestade e teríamos que aguardar a liberação no ar. Início da taquicardia, que logo melhorou com a surpreendente autorização de pouso. Avião quase no chão e, de repente, nos transformamos num foguete em direção à lua. PQP! As lágrimas foram automáticas. Tudo se encaixou! Realmente eles sabiam de prováveis problemas antes de decolarmos. Pedi ao Duda que chamasse a aeromoça pois queria ouvi-la dizer, olhando dentro dos meus olhinhos, que eu veria meus filhos novamente. Sério, o Duda devia ser canonizado! Ele ainda faz o que eu peço! Mesmo que seja este tipo de pedido. 

Pousamos sãos e salvos em uma pista à leste do aeroporto, às 22h10, e tínhamos que ter feito a conexão para o Brasil às 21h30. No entanto, nosso avião ainda estava em terra e havia uma chance. Corremos mais que nunca em nossas vidas. Por algumas vezes pensei em desistir, cheguei a falar para o Duda não olhar para trás e ir sem mim, mas logo eu pensava nas crianças e o gás vinha, somado a gritos de incentivo "corram! o avião vai sair! vocês têm que correr!" Finalmente alcançamos o embarque, que estava aberto, e caí em prantos. Exaustão misturada com a emoção da vitória de ter cruzado a fita vermelha. O rapaz que estava na porta pediu para que eu me acalmasse e respirasse. Sério, o Duda devia ser canonizado!

Perdi 10 dias de pleno prazer e descanso em algumas horas, mas valeu cada segundo quando entrei em casa e tinha um gordinho bochechudo que não cabia em si de tanta felicidade e meu magrela dengoso ainda dormia e quando abriu os olhinhos, viu o papai e a mamãe dele de volta. 


Enfim, nós!

Fê disse que Pedro ficou bem caidinho com nossa ausência.
Acho que recuperou!

Amo estes selfies!








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