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segunda-feira, 14 de março de 2011

Raízes

O Pedrinho vai aprender desde cedo que família é muito importante e para entender sua familia é importante conhecer suas raízes. Há alguns dias escrevi sobre a bisavó Jacy, mãe da vovó Sonia. Hoje vou escrever sobre outra bisavó, mãe do vovô Nilton.

A Bisa Áurea nasceu em João Pessoa há 91 anos e viajou o Brasil acompanhando seu pai Francisco Luiz da Silva. Em uma das viagens foram para Recife, onde Seu Francisco seria condutor de bonde. Ficaram apenas 5 meses, pois seu Francisco desistiu da profissão depois de brigar com um passageiro mal-humorado. Quando a Áurea tinha apenas 10 anos foram para Belém em um navio costeiro. Quase no final da longa e desconfortável viagem houve um acidente e começou a entrar água no navio. Áurea era apenas uma criança, mas lembra-se do cozinheiro do navio chorando de medo, dizendo que todos morreriam afogados. Ninguém morreu afogado e as viagens continuaram.

Quando Áurea tinha 18 anos ouviu seu pai anunciar: "Vamos para o Rio de Janeiro para eu arrumar um emprego na cidade ou para o Amazonas onde serei cortador de borracha". Por sorte ou destino sua mãe escolheu trazer a familia para o Rio de Janeiro. Chegando à cidade, Áurea e suas irmãs foram trabalhar na fábrica de macarrão Aimoré enquanto seu Francisco arrumava coisas como cachimbos ou leques para vender. Depois da fábrica, Áurea foi trabalhar na rua dos Inválidos, onde fazia caixinhas de papelão forradas com veludo para colocar perfumes.

Foi na rua dos Inválidos que Áurea conheceu seu Luiz, o bisavô do Pedrinho. Continuou trabalhando por cinco anos até casar, quando seu marido anunciou "mulher casada comigo fica em casa, não trabalha fora". Foi assim que Áurea se tornou dona de casa e depois mãe do vovô Nilton. Mas o espírito itinerante continuou rondando. No Rio de Janeiro morou no Centro, na Tijuca e no Lins de Vasconcelos. Que eu me lembra, ainda morou em João Pessoa novamente e em Leopoldina, Minas Gerais. Há alguns anos mora na casa do vovô Nilton e da vovó Sonia.

Bisa Áurea conta que sempre foi a mais fraquinha de todos os oito irmãos, sempre muito magrinha e debilitada. Hoje, com 91 anos, continua se achando fraquinha e debilitada, mas está aí dando banho em muito marmanjo. Continua contando suas histórias, lendo os seus livros, acompanhando o noticiário e dando os seus passeios na praça General Osório. Minha esperança é ter herdado esta genética fraquinha que me levará tão longe!

Beijos do papai.

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