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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O que você está fazendo aqui?

Há alguns dias li um ensaio escrito por Bruno Pesca na revista Amarello que me impressionou positivamente. Como esta edição da revista fala sobre legado e tudo aquilo que deixamos e construímos durante a nossa vida, o Bruno trata deste assunto começando com uma brincadeira. Em viagem aos Estados Unidos ele conta que o oficial da imigração lhe fez a seguinte pergunta "O que você está fazendo aqui?".

Conhecendo a falta de humor típica de oficiais da imigração, ele provavelmente respondeu apenas que estava fazendo turismo. Mas a pergunta o fez refletir sobre o que ele, afinal, estava fazendo neste mundo, nesta vida. O interessante é que a melhor resposta que ele conseguiu dar para esta pergunta foi "não sei". O texto acaba discorrendo sobre este assunto e sobre a grande questão de qual o legado vamos deixar para a história.

Filosofando sobre o tema e aproveitando este período de final de ano, quando é natural fazer reflexões, comecei a pensar sobre o meu legado, sobre o que eu estou construindo com a minha vida e é claro que o Pedrinho não saiu dos meus pensamentos. Podemos abrir empresas, escrever livros, construir pontes ou obras de arte, mas será que existe um legado maior do que os nossos próprios filhos?

Bem, para a sociedade talvez uma ponte seja mais importante do que o filho do engenheiro que a construiu. Você já ouviu várias obras de Mozart mas provavelmente não sabe quem foi Carl Thomas. E coitado de Reed Jobs, não vai nunca conseguir competir contra Mac, Ipod, Iphone, Ipad, Woody e Buzz.

Não sei como estes pais pensavam, mas tenho a impressão que pais percebem seu filhos como seus maiores legados. Bem, pelo menos o meu maior legado tem atualmente 98cm, pesa um pouco mais de 13 kg e imita dinossauros como ninguém.

Acho que o Bruno Pesca não tem filhos ainda. Então ele pode achar que este legado é automático, que vem de mão beijada. Mas desde que vesti a camisa de pai, tomei a consciência de que é um baita trabalho. Um trabalho maravilhoso na maior parte do tempo, mas um trabalhão. Full time job. Todo dia, toda hora, o moleque ou está lá na sua frente ou está na sua cabeça. Cada coisa que você faz ou deixa de fazer, parece ser avaliada sobre o impacto que isso causará na vida do pequeno. Estou exagerando? Talvez esteja mesmo, afinal sou brasileiro, latino, de sangue quente e paternalismo ferrenho. E sou neto (e de certa forma, legado) da Dona Jacy.

Deste jeito vou construindo o meu legado com esta intensidade e energia. E apesar de saber que o mérito não é todo meu, cada vez que o moleque dá um sorriso, manda um "Uau!" ou grita "Papaaaaaai", fico com a impressão de que estamos fazendo um excelente trabalho.

Beijos do papai que vai filosofando e levando a vida assim. Feliz Natal pra vcs.


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