Esta semana recebi da vovó Ange um texto bem legal, que retrata exatamente o que sinto todos os dias quando tenho que impor limites ao Pedro: de coração necessariamente partido.
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Mães más"
O Dr. Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra, publicou uma interessante reflexão,
que transcrevo aqui para os pais (Extraído do livro "Educar pela conquista e pela fé" de Professor Felipe Aquino):
Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a
lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o
suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas
regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês
soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram do
supermercado ou revistas do jornaleiro, e fazê-los dizer ao dono: “Nós pegamos
isto ontem e queríamos pagar.”
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas,
enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas
ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu
sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em certos momentos, até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque
no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem
crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães,
quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...
As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos
e torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no
almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela
nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam seus
filhos comerem vendo televisão.
Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (ligava para o nosso celular
de madrugada)
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas
uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela “violava as leis do trabalho
infantil”, pois tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças,
esvaziar o lixo e fazer todos esses trabalhos que achávamos cruéis. Eu acho que
ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer no outro
dia.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas
a verdade. E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos
pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina
para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer. E,
enquanto todos podiam voltar tarde, à noite, tendo apenas 12 anos, tivemos que
esperar até os 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata ainda se
levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência:
nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em
violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. FOI TUDO POR CAUSA
DELA!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor
para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: omissão. Falta de amor!
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