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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Impotência

Tem algumas coisas que você, em teoria, entende e sabe como é a sensação mesmo sem ter um filho. Sabe porque sente algo semelhante pelas pessoas que ama, sabe porque conhece a relação vivendo o papel de filho e sabe porque observa e escuta pessoas próximas contando. Então, todo mundo sabe. Até que nasce o seu primeiro filho e aquele sentimento que você conhecia, que você já sabia como era, vem e te arrebata de um jeito que você simplesmente não imaginava. E isso passa a acontecer constantemente na sua vida.

O sentimento que estou tentando descrever hoje é a sensação de impotência que sentimos ao perceber que o mundo é muito maior do que podemos controlar e, portanto, um local perigoso demais para ter algo tão importante como um filho. Nosso pequeno não fez nem quatro meses e não começou a ganhar o mundo ainda. Mas toda noite quando vamos dormir e olho para ele pelo monitor da babá eletrônica sinto uma imensa sensação de vulnerabilidade e impotência.

Não posso nem começar a imaginar os milhões de riscos, perigos e situações a que ele será exposto na sua vida porque senão, ao invés de dormir e deixá-lo dormir, vou sair correndo para o quarto dele para pegá-lo no colo e não largar mais. E, só para ter certeza que eu mesmo não esqueci vou repetir, ele não tem nem quatro meses de vida!

Ao mesmo tempo eu sei que preciso me controlar para que ele possa viver a vida dele, ter as experiências dele, correr riscos, machucar-se, aprender a enfrentar perigos, sentir medo, ter traumas dos quais aprenderá a se recuperar... Enfim, ser ele ao invés de ser o meu bebê para sempre. Mas espero que ele saiba que será para sempre o meu bebê.

Não vai ser fácil, mas vai ser interessante. Beijos do pai super-protetor.

"Ah, queria passar a vida inteira assim..."

"Oi papai, o que é isso que estamos olhando?..."



"Tá olhando o quê? Tô invocado!"


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