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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pedro Bassoul Ribeiro

Eu me lembro claramente do dia em que descobri que meu pai se chamava Nilton e minha mãe se chamava Sonia. Até aquele momento eu achava que o nome deles era "pai" e "mãe". Como eu me lembro muito bem deste momento, das duas uma: ou foi um momento marcante em minha primeira infância ou eu já tinha uns 13 ou 14 anos quando prestei atenção nisso. Não, acho que não. Eu era bem pequeno mesmo e lembro que achei engraçado eles terem nomes e, o pior, serem nomes bem diferentes dos que eu estava acostumado, que provavelmente eram os nomes dos meus amiguinhos de escola.

O Pedro nunca precisou perguntar os nossos nomes. Um belo dia ele ouviu a amiga Cati chamando a mamãe dele de Tia Lili e achou engraçado. Achou tão engraçado que passou uma temporada a chamando assim. Até porque ele percebeu que isso fazia o maior sucesso, todo mundo ria e mamãe entrava na brincadeira fingindo que estava contrariada. O moleque gargalhava e gritava novamente: Liliiiiiiiiiiiiiiii! Nesta época o papai era só papai mesmo. E o Pedro era neném.

Até que um belo dia ele manda o tal Pedro Bassoul Ribeiro. Fiquei fascinado com aquilo. Como assim o neném mudou para Pedro Bassoul Ribeiro? De uma hora para outra? Com todas as letras e nomes! Era como se nosso velho amigo Dom um belo dia dissesse que seu nome era Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon! Pois foi assim, o nosso príncipe de uma hora para outra passou a se identificar com o nome completo também. Mas papai continuava sendo apenas papai.

Até que um dia ele começou a me chamar, mas eu não aparecia no quarto. A mamãe resolveu ajudar mas ao invés de me chamar de papai, como costuma fazer quando me chama ou dá ordens... quer dizer, sugestões... perante o pequeno, ela resolveu me gritar "Duda". Pedro olhou para a cara dela e emendou o Papai Duda! Quer dizer, foi mais um "papai duuuuuuuudaaaaaaa". É claro que eu adorei e apareci correndo, né? Deste dia em diante o pequeno adotou a seguinte estratégia: quando ele quer me chamar ele começa com o papai, mas se eu não respondo logo ele manda o "papai duda", como se estivesse reforçando que é comigo mesmo.

Só que ele acaba usando a mesma estratégia quando está triste e isso destrói o meu coração, é claro. Exemplo disso é quando eu não vou deixá-lo na creche. O que acontece é o seguinte: todos os dias eu e Li vamos juntos deixar o moleque na creche. Dependendo da fase ele chora e diz que não quer ficar ou sai correndo e nem olha para trás (o que, aliás, aconteceu hoje!). Mas algumas vezes estamos tão atrasados que eu não entro na creche junto com eles. Outras vezes não tem vaga e eu preciso ficar esperando no carro. Nestas horas o moleque olha com aquela carinha de buldogue abandonado na chuva e chama "paaaapai duda". Que dó, que dó.

Mas eu acho muito interessante ele já saber o nome dele completo e já perceber que, além de pai e mãe, nós também temos os nossos próprios nomes. Só quero ver se ele vai achar engraçado descobrir que o papai-duda chama-se Eduardo e a mamãe-lili chama-se Ligia! Talvez tenhamos que mudar logo os nossos nomes...

Beijos do papai-duda.

Esse é o meu garoto!

Um comentário:

  1. Por enquanto sou só Vovó, sei que mais tarde serei Vovó Sonia ou Vovó Soninha,a escolha será dele.
    A frase mais doce que atualmente escuto é:"Vem Vovó,vem". É muito bom...

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